Avaliação da forma do frango caminhar como indicativo de bem-estar

As técnicas a serem utilizadas no monitoramento do bem-estar de frangos de corte têm sido constantemente debatidas, especialmente com uso de tecnologia para uma análise mais focada em cada indivíduo, a fim de obter resultados de bem-estar particulares e pontuais. Neste sentido, a “caminhada ativa” pode ser considerada um indicativo ideal de bem-estar para as aves, pois considera a forma como a ave caminha, verificando assim, se as passadas são regulares e se ocorrem em um tempo específico. 

A tecnologia está cada vez mais sendo utilizada para monitorizar e gerir a criação de animais, com potencial para aumentar o grau de bem-estar animal. No setor de frangos de corte é comum que 20.000 a 50.000 aves sejam mantidas em um aviário, e geralmente há vários aviários em uma propriedade, com até 7 ciclos de lotes/ano. Como consequência, o valor econômico de cada ave é pequeno em comparação ao empreendimento global. Assim, os resultados relacionados às decisões de manejo, como por exemplo,  regime de luz, alimentação ou a altura do bebedouro, não são tomadas para o benefício individual da ave, mas de acordo com a média de desenvolvimento do lote. Da mesma maneira, os produtores apresentam os resultados de bem-estar, tais como queimaduras de jarretes e claudicação, não ave por ave, mas com base em uma amostra de aves avaliadas

Marian Dawkins, professora na Universidade de Oxford/Reino Unido, ressalta que o bem-estar deve ser considerado em nível individual, uma vez que os animais são indivíduos que experienciam dor ou prazer. A agricultura de precisão, por exemplo, oferece uma oportunidade para tratar os frangos de corte como indivíduos, identificando problemas específicos como lesões, considerado um desafio devido à dificuldade de identificar cada  ave.

De acordo com Dawkins, a avicultura de precisão também tem o potencial de alertar o produtor sobre a localização de uma lesão ou com dificuldade de andar até mesmo em um galpão com alta densidade, lembrando que essa não é uma situação ideal! Neste sentido, os galpões que mantêm  milhares de frangos não teriam mais que ser tratados como uma única unidade, mas como lotes com muitos indivíduos, no qual cada um pode experimentar condições diferentes, inclusive, trazendo diferentes resultados de bem-estar animal.

Para Dawkins, fica um questionamento: qual(is) medida(s) de bem-estar serão utilizadas? As 5 liberdades e os 5 domínios desempenharam um papel essencial neste caso, que poderão ser acordados entre os produtores, cientistas e o público em geral. Para uso destes conceitos das liberdades e domínios em aviários reais, eles precisam ser traduzidos em medições reais que possam ser usadas por auditores ou transformadas em algoritmos para serem implementados em máquinas.

Dawkins ainda acrescenta que, embora tenham sido feitos progressos consideráveis ​​na automatização das avaliações do bem-estar dos frangos de corte, estas ações ainda não são amplamente utilizadas comercialmente. A professora complementa que a melhor maneira de medir o bem-estar animal é:

  • Concordar universalmente que o bem-estar é um componente importante e necessário para as aves de produção.
  • Distinguir as medições de bem-estar o suficiente para apresentar problemas tecnológicos mínimos a fim do reconhecimento em grandes lotes de aviários comerciais.

Dawkins acrescenta que o comportamento que se enquadra em ambos os requisitos é quando a ave possui “um tipo de caminhada ativa”, ou seja, quando uma ave caminha continuamente e com passadas regulares durante um tempo específico. Isso significa que esse tipo de caminhar pode ser um sinal de uma ave saudável e que está ligada a muitos outros componentes de alto grau de bem-estar. O “caminhar ativo” é distinto e relativamente fácil de ser reconhecido por uma máquina, sendo idealmente adequado como ponto de partida para o reconhecimento automatizado do bem-estar. Além disso, considera ser uma base à qual mais medidas de bem-estar podem ser posteriormente adicionadas, à medida que a base de conhecimento aumenta. Esta abordagem tem o potencial de transformar a indústria avícola, promovendo um manejo mais responsável e sustentável, priorizando a saúde e o bem-estar dos animais em nível individual, alinhando-se às demandas contemporâneas por práticas mais éticas e eficientes.

A Iniciativa MIRA Frangos acredita que as práticas as tecnologias e voltadas ao bem-estar das aves, são pontos importantíssimos a serem considerados e desenvolvidos. Entretanto, além da tecnologia, também é primordial que o indivíduo por trás da tecnologia ou que acompanha o monitoramento das aves, também tenham noções de bem-estar animal, do quanto seu trabalho é importante, das ações a serem tomadas quando problemas forem identificados e que, este acompanhamento não apenas seja feito via tecnologia, mas que as aves também tenham acompanhamento pessoal do próprio ser humano!

Fonte: Adaptado da Poultry World, 2024. Disponível em: https://www.poultryworld.net/poultry/broilers/active-walking-in-broiler-chickens-a-flagship-for-good-welfare/

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