Produtora dissemina conceito de sustentabilidade na avicultura brasileira

A sustentabilidade não é apenas uma palavra que deve estar presente no agronegócio, mas ela precisa, cada vez mais, estar presente na forma de ações que possam fazer com que o campo seja produtivo, mas em harmonia com a preservação do nosso meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável é um desafio em qualquer segmento agropecuário, entretanto, após a implantação de sistemas sustentáveis, muitos benefícios poderão ser percebidos por todos os envolvidos no processo. Além disso, tornar-se sustentável passou a ser considerada uma questão de sobrevivência das empresas, devido às crescentes exigências dos mercados.

Exemplos bons em nosso dia a dia não faltam, como é o caso da produtora rural Luciana Abeid Ribeiro Dalmagro, residente no município de Sales Oliveira e que gerencia a Fazenda Alta Conquista, responsável pela produção de frangos de corte. Luciana é formada em Farmácia e mestre em Ciências, recebeu o Prêmio Mulheres do Agro em 2020 e foi embaixadora do mesmo prêmio em 2021 e 2022. Ela participa de diversos projetos com foco em sustentabilidade e foi eleita pela Bloomberg Línea uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina. Em sua fala, a produtora e gestora descreve a sustentabilidade como “…uma jornada, …. uma caminhada, passo a passo, mas com embasamento técnico e olhar pragmático… uma transformação de projetos e de cultura dentro das empresas e propriedades rurais”.

A nova gestão de Luciana proporciona um aumento de 10% ao ano na produção, sendo que seus principais investimentos foram voltados a adquirir equipamentos modernos e em sistemas sustentáveis. Isso significa que seus aviários possuem sensores que monitoram a pesagem das aves, temperatura, aquecimento, qualidade do ar, energia solar e biocompostagem.

Para Luciana, é importante que as lideranças tenham a mentalidade voltada a uma agenda sustentável, e assim, todos andem juntos, rumo a um equilíbrio entre sustentabilidade e produtividade. A produtora ainda ressalta que quando o crescimento é feito de forma correta e consciente, os resultados são positivos.

Luciana destaca algumas das principais vantagens de se inserir na empresa uma cultura de sustentabilidade, sendo em primeiro lugar, a satisfação de contribuir de maneira positiva para o ecossistema no qual se está inserido. Posteriormente, além de ser boa para o meio ambiente, a sustentabilidade também é boa para os negócios, podendo ser considerado um excelente investimento, com a energia solar, por exemplo, que tem um retorno muito interessante. A utilização de resíduos também como insumo para outras atividades também é importante, como exemplo, a reutilização da cama de frango que pode ser transformada em adubo ou fertilizante para as lavouras. Essa reutilização pode contribuir para redução de emissões e até tornar-se margem de lucro para o produtor.

A produtora destaca cinco princípios básicos que precisam ser considerados para atingir a sustentabilidade na avicultura de corte, mas que podem ser aplicados a outras atividades agropecuárias.

  1. Insumos e resíduos ao meio ambiente: melhorar a eficiência da conversão alimentar, usar fontes de energia limpa, reuso e cuidado com a água, correta compostagem dos resíduos
  2. Sustentação econômica: garantir a viabilidade dos projetos, com remuneração justa a todos os elos da cadeia, e fornecer proteína de frango acessível ao consumidor final
  3. Bem-estar animal: passou a ser uma premissa importante na produção animal brasileira e tende a ganhar mais força com a evolução da sustentabilidade
  4. Qualidade de vida das pessoas envolvidas nos sistemas produtivos: assim como o bem-estar animal é importante, o bem-estar das pessoas também e dessa maneira, será possível manter as famílias e suas gerações posteriores trabalhando no campo
  5.  Segurança dos alimentos: fornecendo alimentos com a maior qualidade faz parte de uma agenda ESG

Infelizmente, o aumento do número de propriedades que produzem de forma sustentável ainda esbarra na questão da escassez de incentivos públicos, como a disponibilidade de crédito para investir em energia limpa, reuso de água ou modelos construtivos mais eficientes. Segundo Luciana, taxas de juros menores ou bonificação pelo produto produzido poderiam agir como incentivos para que o produtor passasse a produzir de maneira diferente. O objetivo de tornar-se sustentável também deve ser ajustado de acordo com o tamanho da propriedade, seja ela pequena, média ou grande. O cumprimento de metas como de Carbono Neutro ou Net Zero também dependerá de inovações tecnológicas aplicadas no campo.

A mudança na forma de pensar também é algo que Luciana considera essencial para a melhoria do hoje e do amanhã. Anteriormente, o objetivo de uma propriedade era de prosperar, plantar e colher alimentando a sua e demais famílias. A atual geração já investe seus esforços em produzir o alimento de forma diferente, questionando o que e como produzir de modo a preservar ou regenerar o que foi anteriormente perdido, tudo ao mesmo tempo!

Luciana relata que o sucesso de sua propriedade foi construído ao longo de 15 anos com a união da família e profissionais, de forma consolidada, com baixo endividamento e com a sustentabilidade como força motriz. Dessa forma, é preciso que essa cultura de sustentabilidade seja constantemente discutida e enraizada. Deve haver a preocupação na produção avícola de como propriedades serão entregues para as gerações seguintes, tanto economicamente como também em relação ao desenvolvimento social e de biodiversidade. Luciana finaliza com uma fala interessante de que se há preocupação com o futuro, não se pode descuidar do presente.

Fonte:

O Presente Rural, Outubro/2022

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