Muitas empresas cedem à tentação do embelezamento publicitário de suas ações, sem de fato praticarem o que anunciam.
A expressão ESG logo completará duas décadas e foi cunhada em uma publicação do pacto global da ONU, em 2004. As práticas associadas às iniciais em inglês de Environmental, Social and Governance (Ambiente, Social e Governança) vêm impactando de forma positiva o uso de recursos naturais, as relações de trabalho, a ética e a transparência na gestão das empresas.
Essas ações também melhoram a imagem das corporações diante de seus colaboradores, das comunidades em que estão presentes e de seus clientes. Como? Pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS), divulgada em maio, mostrou que 95% dos brasileiros preferem comprar produtos e serviços de empresas que investem em práticas sustentáveis e 64% já deixaram de consumir uma marca ou frequentar um estabelecimento ao saber que a empresa ou seus funcionários não tiveram um comportamento ético. Isso significa que, quem é associado a um passado de desrespeito ao meio ambiente e a uma gestão nebulosa perde vendas, mercado e dinheiro.
Devido esse motivo, muitas empresas cedem à tentação do faz-de-conta, do embelezamento publicitário de suas ações, para mostrar comprometimento com o ESG e seus clientes, sem de fato praticarem o que anunciam. Em inglês, isso se chama washing (lavagem, banho).
Os norte-americanos inventaram o termo e as empresas de má-fé ampliaram seu significado, criando todo tipo de washing, tantos que até podemos citar alguns a seguir.
O greenwashing indica quando a empresa se diz “amiga do meio ambiente”, ou “verde” por plantar árvores ou substituir copos de plástico por canecas no escritório, sem de fato estar comprometida com a sustentabilidade em seu processo industrial, por exemplo.
O bluewashing é a prática corporativa na qual a empresa se autodenomina “azul”, ou socialmente responsável, mas, na verdade, desrespeita os direitos ou marginaliza a comunidade onde está inserida. O azul (blue) do termo vem da cor da bandeira da ONU, defensora dos direitos sociais.
O marketing disfarçado de filantropia é o socialwashing e o healthwashing é quando se tenta fazer um produto parecer mais saudável do que realmente é.
Nós da Iniciativa MIRA ainda incluímos, nesta discussão, a questão do welfarewashing, que busca fazer com que os consumidores acreditem que os produtos de origem animal que determinada empresa comercializa como a lã, o leite, a carne, entre outros, são baseados em princípios éticos e que os animais mantidos por estas empresas têm um alto grau de bem-estar.
A empresa que pratica o washing tenta ficar mais bonita na foto quando se trata de ESG sem, na verdade, praticar essas ações. Trata-se de um erro que acabará cobrando um grande preço: perda de clientes, mercado e prejuízos ao ambiente, seres humanos e animais.
Fonte:
- Adaptado de Izabela Rücker Curi. Disponível em: https://www.carnetec.com.br/Industry/News/Details/111363