O consumo de ovos vem aumentando consideravelmente em todo o mundo, e um dos motivos deste elevado consumo é com relação ao sistema de criação ao qual as aves são submetidas. A forma de criação dos animais vem ganhando espaço em debates em função dos vários fatores que comprometem a produção, sendo o bem-estar fornecido a estas aves um forte componente para esta pauta.
É fato que o tipo de sistema convencional vem recebendo ao longo do tempo muitas críticas, devido ao bem-estar das aves alojadas, em razão, principalmente, da restrição de espaço e expressão de comportamentos naturais. Desta forma, a discussão permeia por todo o mundo, inclusive no Brasil, que já se encontra fazendo motivação para o não uso de gaiolas para galinhas poedeiras. Nesse contexto, a Iniciativa MIRA Poedeiras é uma das incentivadoras dessa ação, sempre comprometida com trabalhos neste assunto.
Assim, o banimento não se restringe somente no Brasil, mas vem se espalhando pelo mundo, no qual o governo escocês, por exemplo, anunciou recentemente planos para eliminar progressivamente o uso de gaiolas para galinhas poedeiras. Sua administração, sediada na cidade de Edimburgo, capital da Escócia, no Reino Unido, lançou uma consulta pública sobre a proposta, buscando também a opinião da indústria avícola. Na pesquisa realizada em 2020, os dados mostraram que 88% dos britânicos consideram que o uso de gaiolas para poedeiras maltratam as aves e 77% apoiam a proibição total de seu uso. Assim, baseado nos fatos desta pesquisa e em mais discussões a este respeito chegaram a conclusão que a previsão de proibição de gaiolas deve ocorrer a partir de 2033, seguida de uma proibição total até 2034. Vale lembrar que em fevereiro deste ano, mais de 1,1 milhão de galinhas ainda são criadas em gaiolas na Escócia.
Segundo o ministro da agricultura, Jim Fairlie, há um comprometimento dentro do programa de governo, incluindo melhorias no bem-estar das galinhas poedeiras para garantir que o seu confinamento não tenha um impacto negativo no seu bem-estar. Nós da Iniciativa Mira Poedeiras reiteramos a importância também de avaliar o comportamento das aves de acordo com sua capacidade física e mental. Desta forma, já foram feitos progressos significativos no reconhecimento da importância do bem-estar animal, tanto nas políticas governamentais como na exigência dos consumidores. Caso implementada, a proibição seria outro exemplo de que a Escócia lidera o caminho na melhoria do bem-estar dos animais, sendo o primeiro país do Reino Unido a proibir a prática. Jim ainda mencionou que outros países europeus já estão se movendo na mesma direção, como por exemplo, Luxemburgo e Áustria que já se encontram com suas proibições em atuação.
Porém, o Conselho Britânico da Indústria de Ovos expressou preocupação com possíveis impactos econômicos desta proibição, como perda de empregos e redução das exportações. Segundo Gary Ford, diretor executivo deste Conselho, aproximadamente um quarto dos ovos consumidos no Reino Unido provêm de sistemas de gaiolas enriquecidas, que são essenciais para atender a demanda por alimentos acessíveis e de alta qualidade, especialmente durante crises financeiras, mas ressalta que as gaiolas enriquecidas são ilegais no Reino Unido desde 2012. Gary alertou que uma proibição poderia levar os varejistas a importar ovos de países com padrões de bem-estar animal inferiores e ressaltou que os produtores de ovos britânicos responderão às necessidades do mercado e produzirão o que as pessoas querem comprar.
Desta forma, é possível perceber que as discussões acerca de maior grau de bem-estar para as galinhas poedeiras com o banimento das gaiolas vem crescendo e se espalhando de forma constante em todo o mundo. Ressaltamos que a Iniciativa MIRA Poedeiras, tem a missão de orientar e acompanhar a transição entre sistemas de poedeiras com gaiolas para livres de gaiolas. Estamos sempre prontos a ajudar neste processo, esclarecer dúvidas e debater sobre esta mudança!. Nosso site é https://mira.org.br/mirapoedeiras/, estaremos lhe esperando. Juntos podemos fazer uma corrente para o bem-estar de nossos animais de produção. Boa leitura.
Fonte: Adaptado de Agrimidia, 2024.
