A utilização de padrões mais altos de bem-estar animal no cenário brasileiro é um processo inevitável, mesmo com indefinições acerca da forma e do ritmo com que essas transformações se desenvolvam. A pressão de um número crescente de consumidores, mercados nacionais e internacionais e organizações não governamentais, principalmente por meio de compromissos públicos, ajudou no processo que originou progressos legislativos consideráveis.
O bem-estar dos animais muitas vezes é erroneamente associado apenas à observação de sua saúde ou das condições das instalações. No entanto, é crucial compreender que o bem-estar é um estado que reflete a relação do animal com o seu ambiente, sendo um conceito multifatorial e complexo e que demanda uma avaliação contínua e estudos para cada espécie em questão.
Uma definição mais atual de bem-estar animal é descrita pelos “Cinco domínios”, os quais descrevem que o estado mental dos animais influencia diretamente sobre o bem-estar do animal, de maneira positiva ou negativa. Isso significa que os estados mentais e as emoções se tornam, a partir de então, uma parte fundamental da avaliação do bem-estar animal.
O bem-estar se aplica a qualquer espécie e em diferentes sistemas de produção. Entretanto, alguns sistemas são considerados mais restritivos que outros. Aves mantidas em gaiolas, por exemplo, tem uma restrição acentuada quanto ao atendimento de suas necessidades mais básicas. O estresse e a falha em lidar com o ambiente estão relacionados a fatores comportamentais, fisiológicos e fisiopatológicos, que podem aumentar a mortalidade, susceptibilidade a doenças e falha no crescimento dessas aves.
É importante reconhecer que as galinhas são seres sencientes (possuem a capacidade de sentir), sociais, gregários e territoriais, uma vez que vivem em grupos e necessitam expressar uma série de comportamentos de alta prioridade. Isso significa que os sistemas livres de gaiolas proporcionam às aves maior oportunidade de exercerem seus comportamentos naturais como forragear, tomar banho de cama, abrir as asas, colocar ovos nos ninhos, empoleirar, entre outros.
A inclusão de boas práticas de manejo, por meio do uso de protocolos e certificações de bem-estar animal apresentam alto potencial de, além de melhorar a vida de bilhões de animais, promover melhorias na qualidade do produto final, gerar produtos com maior segurança alimentar e biosseguridade e reduzir prejuízos decorrentes da falha de processos produtivos.
De maneira geral, compreender o que é o bem-estar animal e reconhecer sua importância é crucial para os animais, produtores, colaboradores e mercados. É evidente que existem desafios na adoção dessas práticas e na manutenção de sistemas alternativos, mas especialmente no caso das galinhas poedeiras mantidas em sistemas livres de gaiolas, observa-se maior potencial destas terem suas necessidades atendidas. O aprimoramento desses sistemas são fundamentais para promover novas formas de produção que sejam consideradas mais éticas e sustentáveis.
Lembrando que é necessário registrar a sua granja para poder comercializar os ovos legalmente. Para saber como: