Salmonella: riscos e soluções

A salmonella continua a ser um grande desafio à avicultura mundial, sendo que há mais de 2.600 sorovares diferenciáveis por meio de reações sorológicas.

Um exemplo clássico são dois tipos imóveis (movimentação), a Salmonella gallinarum e a Salmonella pullorum que causam enfermidades distintas, principalmente em galinhas, perus e codornas e raramente em humanos. Apesar de sorologicamente idênticas, diferem entre si: a Salmonella enterica subsp. enterica sorovar gallinarum biovar gallinarum, que causa o Tifo Aviária e a Salmonella enterica subsp. enterica sorovar gallinarum biovar pullorum, causadora de Pulorose.

Outras salmonellas de importância avícola, conhecidas como paratíficas, são móveis (tem movimentação – possui flagelos) e variam consideravelmente em sua epidemiologia, e estas bactérias raramente produzem quadro clínico nas aves, ou seja elas ficam assintomáticas. Salmonellas tais como S. Heidelberg, S. Enteritidis, S. Minnesota, S. Newport, S. Infantis, S. Typhimurium são os principais agentes causadores de doenças transmitidas pelos alimentos (DTA).

Por ser um dos maiores exportadores de proteína animal do mundo, o Brasil é referência em qualidade nos produtos de origem animal e alguns pontos merecem destaque:

• A busca de todo o setor de produção animal pela redução do uso preventivo de antimicrobianos (AMC) é uma realidade. A grande maioria das empresas avícolas já aboliu o uso destes preventivos na vacinação no incubatório, bem como interrompeu os “tradicionais” tratamentos terapêuticos periódicos no plantel de reprodutores, para controle de Salmonella;

• Está em consulta pública a proibição definitiva do uso dos antimicrobianos melhoradores de desempenho (AMD) nas rações de animais de produção;

• Vacinas e produtos naturais, com menor impacto no meio ambiente, tais como: ácidos orgânicos, prebióticos, probióticos, simbióticos, pósbióticos, extratos e óleos vegetais, peptídeos e bacteriófagos, constituem ferramentas já disponíveis na substituição dos AMC, na redução da colonização do trato digestivo por Salmonella, alguns até com mais vantagens sobre o desempenho dos animais e em questões econômicas;

• Todos os fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma microbiota em equilíbrio são de grande valor na redução da colonização do trato digestivo por Salmonella.

A Salmonella spp. consiste em microrganismos amplamente distribuídos na natureza, sendo o homem e os animais seus principais reservatórios naturais. É possível dizer que, em cada ponto da cadeia de produção como em granjas, locais de estocagem de matérias-primas, fábricas de ração, incubatórios, abatedouros e frigoríficos existe o risco de introdução deste patógeno, por acidentes e/ou erros, sendo importante a implementação de programas de análise de perigos e pontos críticos de controle (HACCP), em cada uma dessas etapas.

Felizmente, atualmente há maior consciência dos colaboradores em evitar o uso dos antimicrobianos de forma preventiva. O conceito de colonização precoce e ao longo da vida do trato digestivo das aves que compõem a pirâmide de produção avícola, de avós até os frangos de corte, já é adotado por empresas comprometidas com a redução do uso de antimicrobianos.

Alguns pontos podem ser observados, pois podem apresentar maior risco para a ocorrência das Salmonelas na produção avícola:

  • Falha de capacitação, treinamento e educação continuada dos colaboradores de cada um dos pontos da cadeia produtiva;
  • Adubação de lavouras com fertilizantes biológicos tratados inadequadamente;
  • Estocagem inadequada das matérias-primas;
  • Frequência de limpeza e desinfecção inadequada nas fábricas de ração, transporte, silos, sistemas de distribuição de ração e comedouros;
  • Captação, tratamento e manutenção inadequada de água, bem como de todo sistema de distribuição;
  • Aves reprodutoras e com Salmonellas produzindo ovos férteis;
  • Mistura de ovos de lotes, com distintos status sanitários na planta de incubação;
  • Disbiose do trato digestivo de qualquer ave da pirâmide de produção;
  • Controle inadequado de vetores biológicos, especialmente os artrópodes (moscas e carrapatos);
  • Controle inadequado de animais sinantrópicos, especialmente pássaros e roedores que podem se infectar, multiplicar e até adoecer por alguns sorovares de Salmonella;
  • Localização e manejo do sistema de eliminação de carcaças nas granjas;
  • Manejo deficiente de composteira;
  • Processamento/compostagem inadequada da cama;
  • Intervalo entre lotes não compatível com o status sanitário do lote anterior: mínimo de 15 dias para lotes negativos e 30 dias ou mais para lotes positivos;
  • Manejo pré-abate inadequado, com longos intervalos entre a saída do galpão e abate do lote;
  • Falhas de desinfecção das caixas de transporte,
  • Riscos da alta densidade;
  • Vazio sanitário curto e realizado de forma inadequada.

Fonte:

Adaptado de FACTA – Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícola. Disponível em: https://ovosite.com.br/revistas/edicao-69-revista-do-ovo

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