Muitos resíduos são gerados durante a criação de frango de corte, em especial durante o abate de aves, os quais podem impactar o meio ambiente se não forem corretamente manejados. Assim a gestão destes resíduos é fundamental para a preservação ambiental e conservação dos recursos renováveis.
Pensando nessa importância e conscientização ambiental, cientistas e pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade de Agricultura, situada no Paquistão, relataram que a valorização dos resíduos do abate de aves é essencial para atender à crescente demanda e minimizar a poluição ambiental.
Segundo o porta voz da empresa, os métodos convencionais de lidar com esses resíduos são a incineração, a compostagem, a fabricação de fertilizantes e a produção de farinha de resíduos de aves, muitos dos quais causam emissões de gases de efeito estufa, eutrofização e poluição do ar e da água. Neste sentido, a comunidade científica também está procurando alternativas às fontes de proteínas para sustentar a crescente população mundial diante das mudanças climáticas.
Muhammad Talha e sua equipe constataram que as proteínas extraídas de resíduos avícolas são semelhantes ou superiores às suas equivalentes bovinas em termos de estabilidade térmica, valor nutricional, teor de aminoácidos, propriedades físico-químicas, reológicas e funcionais.
Segundo Talha, o colágeno, a gelatina e a queratina já são utilizadas como ingredientes importantes na fabricação de diversos produtos alimentícios e biomédicos. Talha ainda reforça que a análise da composição revelou que os resíduos do abate de aves (penas, pele, patas, traqueia e cabeça) contém 34,2% de matéria seca, composta por 50 a 63% de proteína e 9 a 15,5% de cinzas. Esse perfil garante o potencial dos resíduos do abate de aves para substituir fontes convencionais de proteína provenientes de mamíferos.
Cerca de 7 a 8% do peso corporal dos frangos de corte é composto por componentes cortados (pele, penas, vísceras, cabeça, sangue, traqueias e patas) e ossos, o que, segundo estimativas, fornece cerca de 9,5 milhões de toneladas de subprodutos avícolas para a extração de proteína. Os resíduos do abate de aves, como sangue, vísceras, patas e ossos, apresentam alto teor de proteínas colágenas e gelatinosas, enquanto as penas de aves são ricas em queratina e sua produção anual é estimada em cerca de 8,4 milhões de toneladas. Essas proteínas foram extraídas anteriormente da pele e cartilagem de suínos (46%), couro bovino (29,4%), ossos (23,1%) e outras fontes (1,5%).
Atualmente, devido a doenças como a encefalopatia espongiforme bovina e a febre aftosa, os cientistas estão buscando outras fontes. Além disso, um grande número de consumidores islâmicos e judeus consideram o consumo de gelatina de pele de porco ilegal.
Portanto, soluções sustentáveis que permitam uma gestão eficiente dos resíduos de aves são necessárias para minimizar os impactos que possam vir a causar no meio ambiente.
Fonte: Adaptado Poultry Science, 2024. Disponível em: https://www.poultryworld.net/the-industrymarkets/processing/proteins-from-poultry-waste-boosts-the-circular-economy/