Panorama do Bem-estar Animal na Avicultura de Corte Brasileira

A Iniciativa MIRA Frangos desenvolveu uma pesquisa aprofundada para identificar os principais pontos críticos na cadeia de produção de frangos de corte e, a partir disso, construir soluções práticas e viáveis para aprimorar o bem-estar animal nesse setor. O objetivo é unir esforços com produtores, pesquisadores, indústrias e consumidores para impulsionar mudanças positivas e fortalecer um modelo de produção mais responsável e eficiente.

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1- Introdução

O bem-estar animal tem se tornado uma preocupação cada vez mais relevante na produção animal, impulsionado tanto por avanços científicos quanto pela crescente exigência de consumidores e mercados por práticas mais sustentáveis e éticas. No caso específico da produção de carne de frango, diversos fatores exercem impacto direto na qualidade de vida dos animais, como o manejo, a genética, a nutrição e as condições ambientais das instalações.

Nesse contexto, os sistemas alternativos de criação vêm ganhando espaço como alternativas ao modelo convencional, pois oferecem melhores condições de vida às aves, promovendo comportamentos naturais e reduzindo o estresse. Além disso, práticas que favorecem o bem-estar animal – incluindo ajustes na densidade, enriquecimento ambiental, ventilação adequada, transporte e métodos de abate mais humanitários – têm sido cada vez mais valorizadas por consumidores, empresas e regulamentações internacionais.

Diante desse cenário, a Iniciativa MIRA Frangos desenvolveu uma pesquisa aprofundada para identificar os principais pontos críticos na cadeia de produção de frangos de corte e, a partir disso, construir soluções práticas e viáveis para aprimorar o bem-estar animal nesse setor. O objetivo é unir esforços com produtores, pesquisadores, indústrias e consumidores para impulsionar mudanças positivas e fortalecer um modelo de produção mais responsável e eficiente.

2 -A pesquisa

A pesquisa foi proposta pela Iniciativa MIRA Frangos com o intuito de mapear informações da avicultura de corte brasileira, conhecimento sobre bem-estar animal e o quanto as empresas ou profissionais respondentes podem estar próximos ao atendimento do Better Chicken Commitment (BCC).

O BCC é formado por um conjunto de padrões baseados em estudos científicos, que quando aplicados em conjunto, aumentam significativamente o bem-estar dos frangos de corte. Para maiores informações sobre o BCC e quais fatores são importantes, consulte a cartilha em nosso site disponível no link https://mira.org.br/cartilha/.

Dessa maneira, um questionário foi produzido e dividido em duas partes:

  • Parte I: total de 21 perguntas de múltipla escolha sobre temas como o manejo, tipo de sistema, número de galpões/aves, condições ambientais, tipos de camas, iluminação, densidade e linhagens das aves.
  • Parte II: composta por 5 questões de múltipla escolha/abertas relacionadas a bem-estar animal.

O questionário foi enviado a 110 potenciais respondentes como empresas integradoras, produtores, frigoríficos, criatórios, universidades, profissionais e demais importantes atores da avicultura brasileira sob a forma de e-mail, Instagram, WhatsApp e publicação de 8 notícias nos seguintes canais de comunicação:

Esta pesquisa também permaneceu disponível para acesso no site da Iniciativa MIRA (https://mira.org.br/) de Maio de 2024 a Fevereiro de 2025.

3 -Resultados

Embora o bem-estar animal seja um assunto atual e indispensável, especialmente dentro da produção animal, a Iniciativa MIRA Frangos obteve apenas 11 respondentes:

  • 3 produtores de frangos de corte
  • 2 professores de Universidades
  • 4 técnicos da área agropecuária (1 Zootecnista, 2 Médicos Veterinários e 1 Engenheiro Agrônomo)
  • 1 processadora (venda do produto final)
  • 1 empresa integradora (JBS)

Mesmo com um baixo número de respondentes, a participação da JBS – a maior empresa de proteína animal do mundo – representa um avanço significativo e uma demonstração de confiança no trabalho da Iniciativa MIRA Frangos. No Brasil, a JBS responde por 80% a 90% da produção de proteína animal e, no setor de frangos de corte, representado pela Seara, abate, em média, 2 bilhões de frangos anualmente. Os respondentes são provenientes de três regiões do Brasil:

  • Sudeste
    • 3 respondentes do estado de São Paulo
    • 1 respondente  do estado de Minas Gerais
  • Sul
    • 2 respondentes do estado do Paraná
    • 1 respondente do estado de Santa Catarina
  • Nordeste
    • 1 respondente do estado de Pernambuco
    • 2 respondentes do estado do Ceará
  • Indeterminado
    • 1 respondente sem local determinado (JBS). A JBS, por se tratar de uma empresa de grande porte, possui unidades distribuídas por todo Brasil, tornando inviável especificar uma única região de atuação da empresa. 

A Iniciativa MIRA Frangos estima que o número de frangos de corte impactados positivamente pelos respondentes deste questionário é de 2.134.510 aves!

A seguir, seguem as perguntas e respectivas respostas da nossa pesquisa.

3.1 Questionário – Parte I

3.1.1 – Quais os tipos de sistemas de criação de frangos de corte da sua empresa? (Foi possível incluir mais de uma resposta).

Segundo os respondentes, há uma predominância de galpões mantidos nos sistemas intensivos representando 44%, seguido pelo sistema caipira (37%) e sistema orgânico (19%; Figura 1). 

3.1.2 Quais os tipos de instalações que você utiliza para alojar os frangos de corte? (Foi possível incluir mais de uma resposta).

  • Galpão Convencional: 76% (24 galpões)
  • Galpão Climatizado: 18% (6 galpões)
  • Galpão Caipira: 6% (2 galpões)

OBS: A JBS não informou o número de galpões.

3.1.3  Com relação a densidade das aves aplicada em cada tipo de instalações, observou-se que: (Foi possível incluir mais de uma resposta)*.

  • Galpão Climatizado: de 12 a 13,5 aves/m2 : 44%
  • Galpão Convencional: de 10 a 12 aves/m2 : 22%
  •  Galpão Caipira: de 5 a 6 aves/m2: 34%

* A JBS informou que a densidade varia de acordo com os requisitos exigidos pelo mercado e o tipo de cliente, mas tais valores atribuídos à densidade, já estão incluídos nas porcentagens acima. 

3.1.4.  Qual o tempo médio de criação de frangos de corte (em dias) alojadas nos diferentes tipos de instalações? 

Em ambos os sistemas, convencional e climatizado, os respondentes indicaram que o tempo de criação das aves varia de 40 a 42 dias (45% das respostas), sendo que 9% dos respondentes criam as aves até 47 dias. 18% não responderam a esta pergunta. Para o sistema caipira, o tempo variou de 85 a 120 dias de criação (28%). 

3.1.5 Com quais linhagens de frangos de corte você trabalha atualmente? (Foi possível incluir mais de uma resposta).

  • Label Rouge: 54%
  • Cobb: 45%
  • Ross: 36%

3.1.6 Quais os principais motivos para realizar o descarte dos frangos de corte nas propriedades e a respectiva porcentagem de incidência de cada motivo? (Foi possível incluir mais de uma resposta).

De forma geral os respondentes citaram que os maiores motivos para o descarte de aves são:

  • Doenças: 50%
  • Problemas de pernas: 40%
  • Refugos: 10%

A JBS informou utilizar um padrão para a observação da locomoção das aves (Kestin et al., 1992):

  • Escore 0: Normal 
  • Escore 1: A ave possui dificuldade discreta de movimentação 
  • Escore 2: A ave apresenta defeito unilateral ou pernas assimétricas porém consegue se movimentar livremente 
  • Escore 3: A ave consegue andar com um pouco de dificuldade cerca de 5 a 10 passos e senta
  • Escore 4: A ave está com muita dificuldade de se locomover e consegue dar somente de 1 a 4 passos*
  • Escore 5: A ave não levanta mais*

*Os animais classificados com escores 4 ou 5 devem ser eutanasiados conforme OT_AGR_9044. 

3.1.7 Quais condições ambientais internas das instalações, onde estão alojados os frangos de corte, são monitoradas a cada lote? (Foi possível incluir mais de uma resposta).*

Verificou-se que 100% dos respondentes indicaram observar os itens temperatura, umidade relativa e qualidade de cama.

  • Ventilação: 63% dos respondentes dizem realizar este monitoramento
  • Concentração de amônia: 54%
  • Intensidade de luz: 45%
  • Concentração de dióxido de carbono: 36%

*A JBS indicou monitorar todas as condições ambientais em todos os sistemas no qual atua.

Obs.: um dos respondentes indicou que, além dos monitoramentos acima citados, faz o acompanhamento da temperatura da cama e da qualidade da água.

3.1.8 Quais os tipos de cama você fornece aos frangos de corte? (Foi possível incluir mais de uma resposta).

Sistema Intensivo:

  • Maravalha: 79%
  • Casca de Arroz: 11%
  • Casca de Amendoim: 10%

Sistema Orgânico

  • Casca arroz: 23%
  • Maravalha: 11%

Sistema Caipira

  • Maravalha: 37%
  • Casca de Arroz: 11%

Obs.: 11% dos respondentes disseram não saber a resposta. 

3.1.9 Com qual frequência a cama é revirada nas propriedades onde estão alojados os frangos de corte?*

  • 45% realizam a prática uma vez na semana (5 respondentes)
  • 37% dos participantes afirmou revirar a cama de 2 a 3 semanas vezes por semana (4 respondentes)
  • 18% revira a cama 1 vez a cada 3 meses (1 respondente)

*A JBS informou realizar este procedimento de acordo com a orientação técnica no momento da vistoria do galpão.

3.1.10 Em média, após quantos lotes é feita a troca da cama nas propriedades onde estão alojados os frangos de corte?

  • 37% dos respondentes trocam a cama quando completam 5 lotes
  • 19% afirmaram que a troca da cama é realizada com até 5 lotes de aves
  • 19% citaram que a  troca de cama é realizada a troca entre 6 a 9 lotes
  • 9% citaram que a troca da cama é realizada a cada 2 lotes
  • 9% citaram que efetuam o rebaixamento da cama a cada 8 lotes, sendo a retirada total efetuada somente quando houver necessidade. No momento,  com uso da cama de 2 anos,  ainda não houve necessidade de fazer a troca total da cama
  • 7% citaram que a troca de cama ocorre a cada 3 lotes

3.1.11 Com relação à intensidade de luz, quantos lux são oferecidos aos frangos de corte no período de luz?

  • 37%: de 20 a 29 lux
  • 18%: não souberam responder
  • 18%: acima de 49 lux
  • 18%: de 10 a 19 lux
  • 9%: de 1 a 9 lux

OBS.: a JBS especificou que altera a intensidade de luz de acordo com o sistema, sendo que para o Sistema Orgânico e Caipira utiliza de 40 a 49 lux e no Sistema Intensivo, de 20 a 29 lux (já contabilizado acima).

3.1.12 Qual a quantidade média de horas de escuridão contínua é oferecida aos frangos de corte por dia (sem considerar o manejo do início e final do lote)?

  • 55%: de 7 a 8 horas de escuro
  • 27%: de 5 a 6 horas de escuro
  • 9%: de 1 a 4 horas de escuro
  • 9%: Não souberam responder

3.1.13 Por favor, especifique os tipos de lâmpadas utilizadas nas instalações onde estão alojados os frangos de corte?*

  • Led (60%)
  • Fluorescente (20%)
  • Incandescente (10%)
  • Não responderam: (9%)
  • Não usam lâmpadas: (1%; Figura 2)

*A JBS não respondeu esta pergunta.

3.1.14 Com relação à concentração de amônia, qual a concentração média encontrada nos galpões onde estão alojados os frangos de corte?

Obtivemos apenas uma resposta, sendo esta da JBS, indicando que estes buscam observar uma concentração máxima de 20 ppm (meta <10ppm) que é mensurada na última semana do lote.

3.1.15 Com relação à concentração de dióxido de carbono, qual a concentração média encontrada nos galpões onde estão alojados os frangos de corte?

Obtivemos somente uma resposta, sendo esta da JBS, indicando que para o dióxido de carbono, busca-se encontrar um máximo 3000 ppm, medido nos primeiros 3 dias do lote.

3.1.16 Quais auditorias de terceiros vocês recebem em relação ao bem-estar de frangos de corte? 

Obtivemos somente uma resposta, sendo esta da JBS, que informou que as auditorias são de acordo com o sistema de criação:

  • Sistema Intensivo: McDonald’s, KFC, PAACO e Global GAP
  • Sistema Caipira e Orgânico: WQS e Certified Humane 

3.1.17 Você oferece algum tipo de enriquecimento ambiental aos frangos de corte (objetos e/ou estruturas para que as aves possam se manter ocupadas, melhorar seu comportamento e bem-estar)?

Os respondentes, em sua maioria (64%) afirmaram utilizar o enriquecimento ambiental para as aves, porém  dois respondentes (18%) informaram não utilizar nenhum tipo de enriquecimento ambiental e dois respondentes não souberam responder (18%). 

Obs.: a JBS completou informando que 6,72% de seus integrados fornecem enriquecimento ambiental às suas aves.

3.1.18 Qual a quantidade de itens de enriquecimento ambiental que você oferece aos frangos de corte? (Foi possível incluir mais de uma resposta).*

Os participantes da pesquisa informaram utilizar os seguintes tipos de enriquecimento ambiental: 

  • Poleiros: 46%
  • Blocos de feno: 36%
  • Objetos pendurados: 36%
  • Não souberam responder: 36%
  • Objetos para as aves brincarem: 18%
  • Plataformas: 18%
  • Sacos de maravalha fechados: 9%

Obs.: para complementar os enriquecimentos, a JBS descreveu os tipos mais utilizados e para quantos animais são disponibilizados:

  • Poleiros (1 poleiro de 2m para cada 100 aves) ou plataforma (0,3m3 para 1000 aves)
  • Cordinhas – 1 cordinha para cada 100 aves
  • Fardos de maravalha – 1,5 fardos para cada 1000 aves
  • Luz natural – cortinas com no  mínimo 3% da área útil do piso
  • Os sacos de maravalhas fechados e plataformas somente são disponibilizados para o sistema intensivo de criação (contabilizados acima)

3.1.19 Como você calcula a quantidade de itens de enriquecimento ambiental a serem oferecidos aos frangos de corte? Por galpão, por quantidade de animais, ou qual outro critério é utilizado para este cálculo?

Obtivemos somente uma resposta para esta pergunta e foi da empresa JBS.

  • Poleiros (1 poleiro de 2m para cada 100 aves) ou plataformas (0,3m3 para 1000 aves)
  • Cordinhas – 1 cordinha para cada 100 aves
  • Fardos de maravalha – 1,5 fardos para cada 1000 aves
  • Luz natural – cortinas com no  mínimo 3% da área útil do piso

3.1.20 Qual é o método de insensibilização utilizado no abatedouro dos frangos de corte?

Obtivemos somente uma resposta, sendo esta da JBS, com uso de 100% da insensibilização elétrica para os diferentes tipos de sistemas.

3.1.21 De maneira geral, quais os tipos de tecnologias, inovações e/ou serviços você gostaria de adquirir? (Foi possível incluir mais de uma resposta).*

Para esta pergunta, a maioria dos respondentes disseram que sim, adotariam tecnologias, inovações e/ou serviços (90%). Somente 1 respondente não soube opinar (10%).

  • 50%: Cursos e treinamentos e/ou capacitações, mas não citaram quais
  • 50%: Certificações, mas não especificaram qual 
  • 50%: Placas de captação de luz solar 
  • 30%: Outros tipos de galpões, mas não responderam qual tipo
  • 30%: Mão de obra especializada, mas não responderam em que
  • 27%: Software, mas não responderam para que
  • 27%: Automação e outros processo, mas não responderam qual
  • 27%: Assistência técnica especializada, mas não responderam para que

OBS.: um produtor da região Nordeste destacou a questão da qualidade das fontes hídricas utilizadas para o consumo de água pelas aves, que provêm, em sua maioria, de poços rasos ou profundos. Cerca de 90% dessas fontes apresentam água com altos teores de sais, cálcio e magnésio, sendo classificada como salobra ou salgada. Atualmente, não existem estudos que avaliem os efeitos dessa água nas aves, as formas adequadas de tratamento ou os limites seguros de consumo.

*A JBS não respondeu a esta pergunta.

3.2 Questionário – Parte II

Para esta fase, as perguntas foram direcionadas ao bem-estar dos frangos de corte. O objetivo destas questões é compreender o grau de entendimento dos respondentes sobre o tema proposto. 

3.2.1 Por favor, com as suas palavras, descreva o que você entende por bem-estar animal?

  • Respondente 1: o bem-estar é um local onde o animal se sente bem e consegue expressar todos os seus comportamentos naturais sem sentir medo, angústia, injúria, dor ou sofrimento, além de não sentir fome e sede.
  • Respondente 2: o animal está em situação de bem-estar quando satisfaz suas necessidades básicas (receber nutrição e alimentação adequada; ausência de estresse, doenças, ambiente adverso – clima inadequado, etc). Além disso, o animal está em bem-estar quando pode expressar seus comportamentos naturais.
  • Respondente 3: o bem-estar é a garantia de que os animais tenham uma vida “que valha a pena ser vivida”, atendendo aos 5 domínios que regem o bem-estar animal.
  • Respondente 4: o bem-estar são formas, métodos e ambientes que propiciem às aves a expressão de seus potenciais produtivos em condições adequadas, livres de estresse.
  • Respondente 5: o animal precisa ter boa comida e água em quantidade e qualidade, espaço para ele expressar sua natureza, sombra, galinheiros limpos e arrojados.
  • Respondente 6: o bem-estar é quando a ave deve estar em ambiente em que ela pode manifestar seu comportamento natural, livre de privações, com acesso a água, alimentação e boa ambiência.
  • Respondente 7: é garantir as 5 liberdades dos animais durante o período de criação até o abate.
  • Respondente 8: o bem-estar é quando o ambiente está dentro dos padrões exigidos como água limpa e clorada, uma ração balanceada com os níveis correto de nutrientes para melhor desempenho e uma temperatura correta, também deve ter uma cama bem seca e desinfectada, etc.
  • Respondente 9: conjunto de boas práticas de produção que permitam os animais expressarem sua melhor condição através de um estado mental positivo.
  • Respondente 10:  o bem-estar ocorre quando o animal se encontra em conforto no meio em que está vivendo, a ponto de se desenvolver sem causar estresse, desempenhando seu potencial de acordo com a linhagem.
  • Respondente 11: os animais tem que ter uma qualidade de vida boa até o abate, com ventilação adequada, limpeza rigorosa dos galpões, iluminação adequada, alimentações necessárias e um ambiente que não deixe os animais estressados, além de cuidados rigorosos com fungos, bactérias, vírus ou qualquer tipo de contaminação.

3.2.2 Você busca informações sobre o bem-estar de frangos de corte? Se sim, onde? (Foi possível incluir mais de uma resposta).

  • 72%: Buscam informações na internet
  • 55%: Artigos Científicos
  • 55%: Cursos e/ou Capacitações
  • 45%: Buscam informações em redes sociais
  • 45%: Informativos (Digitais ou impressos)
  • 28%: Profissionais que prestam assistência
  • 18%: Conversas com amigos 
  • 18%: Programas de televisão
  • 18%: Dias de Campo
  • 18%: Buscam informações em revistas tanto digitais como impressas
  • 18%: Não responderam
  • 9%: Outros – Benchmarking nacionais e internacionais (Figura 3)

3.2.3 Quais pontos você considera positivos para os frangos quando são adotadas práticas de bem-estar animal? (Foi possível incluir mais de uma resposta).*

  • 100%: As aves expressam comportamentos naturais
  • 90%: As aves apresentam menos problemas de saúde
  • 81%: Aves apresentam menos problemas de pernas 
  • 81%: As aves são mais ativas
  • 73%: As aves têm um melhor desempenho
  • 73%: Há menor número aves descartadas
  • 73%: Há menor número de carcaças com problemas no frigorífico
  • 73%: Meu produto tem maior valor agregado  
  • 63%: Menos trabalho durante o manejo com as aves 
  • 40%: Lucro maior
  • 40%: Facilidade de vender minhas aves/produto final 
  • 28%: Menos gastos
  • 28%: Sou mais bem pago pela integradora /empresa
  • 9%: Outros – a JBS respondeu que são os melhores indicadores de bem-estar

3.2.4 Quais pontos você considera negativos para os frangos quando não são adotadas práticas de bem-estar animal? (Foi possível incluir mais de uma resposta).*

  • 100%: As aves não expressam comportamentos naturais 
  • 100%: As aves apresentam mais problemas de saúde 
  • 100%: Disseram apresentar maior número aves descartadas
  • 100%: Maior número de carcaças com problemas no frigorífico
  • 100%: As aves têm um pior desempenho
  • 90%: As aves são menos ativas 
  • 90%: Aves apresentam  maior problemas de pernas
  • 81%:  Mais trabalho durante o manejo com as aves  
  • 54%: Meu produto tem menor valor agregado
  • 54%: Não tenho facilidade de vender minhas aves/produto final 
  • 45%: Sem lucro 
  • 45%: Não sou mais bem pago pela integradora /empresa
  • 9%: Outros – a JBS respondeu que são os piores indicadores de bem-estar

3.2.5 Em quais pontos considera que você ou a empresa onde trabalha poderiam atuar para aumentar o grau de bem-estar dos frangos? (Foi possível incluir mais de uma resposta).*

  • 73%: Participar mais de treinamentos 
  • 73% Acessar com maior frequência conteúdos sobre bem-estar 
  • 73%: Contratar mais colaboradores em relação ao BE de frangos
  • 64%: Receber incentivos cursos e/ou  capacitações da empresa integradora e/ou extensionistas
  • 64%: Receber incentivos governo 
  • 64%: Oferecer melhores condições de trabalho aos colaboradores
  • 64%:  Receber visitas de assessoria técnica com maior frequência
  • 55%: Oferecer/receber valor agregado ao produto com maior grau de bem-estar animal
  • 55%: Exigir mais políticas em relação ao bem-estar animal
  • 55%: Contratar/ter acesso a mão de obra especializada no bem-estar de frangos 
  • 55%: Melhorar/mudar a forma de manejar as aves 
  • 55%: Acompanhar melhor as condições ambientais
  • 45%: Diminuir problemas metabólicos das aves
  • 45%: Fornecer itens brinquedos 
  • 45%: Trabalhar melhor as questões ligadas à sanidade, biosseguridade e aditivos 
  • 45%: Diminuir densidade 
  • 36%: Investir em tecnologia/inovações
  • 36%: Diminuir problemas de pernas das aves
  • 28%: Trabalhar com melhoramento genético das aves
  • 28%: Mudar a linhagem das aves
  • 28% Diminuir lesões, fraturas, dermatites de contato e queimaduras nas aves
  • 18%: Mudar tipo de sistema/galpão
  • 18%: Fornecer ração de melhor qualidade 
  • 18%: Ter mais atenção no manejo pré-abate e abate
  • 9%: Outros – a JBS respondeu que é importante seguir focado na melhoria contínua e atento às inovações em bem-estar animal

 

4- Considerações finais

Por meio desta pesquisa, foi possível identificar que os sistemas de criação predominantes entre os respondentes são os intensivos (44%). Entre esses, há uma variedade de densidade das aves, sendo os galpões climatizados dispostos em maior densidade (44%), além de uma variedade em práticas de enriquecimento ambiental.

A maioria dos respondentes entende o bem-estar animal como a capacidade das aves de expressar comportamentos naturais e viver em condições adequadas, livres de estresse e doenças. Há um desafio em problemas de saúde e locomoção das aves, bem como a necessidade de melhora nas práticas de manejo e condições ambientais. Por outro lado, há um interesse significativo em adotar novas tecnologias e práticas que possam melhorar o bem-estar das aves, destacando a importância do trabalho realizado pela Iniciativa MIRA nesta área. Há oportunidades em aumentar a participação em treinamentos e capacitações para melhorar o conhecimento sobre bem-estar animal, apoiar o diálogo para maior investimento em tecnologias e inovações que possam melhorar as condições de criação e manejo das aves, assim como apoiar a promoção de políticas e incentivos que estimulem a adoção de práticas de bem-estar animal.

De modo geral, foi possível observar que as empresas e os profissionais estão avançando no atendimento de aspectos mais práticos do Better Chicken Commitment, como iluminação natural, enriquecimento ambiental e densidade. No entanto, ainda enfrentam desafios em áreas como genética e métodos de abate. Esses aspectos, embora demandem tecnologias específicas e maior demanda do mercado, não são impossíveis de serem implementados, desde que sejam estudados a curto e médio prazo.

5- Referências

Freitas, I.S.; Salvador, A.P.; Mendonça, M.de O.; Tardocchi, C.F; Ferreira, I.deM.  Atualidades e perspectivas do bem-estar animal na avicultura de corte e de postura. 2019.. Disponível em: https://nutritime.com.br/wp-content/uploads/2020/02/Artigo-484.pdf

Alves, S.P. Bem-estar na Avicultura de Corte.  Boletim Ampavet. Disponível em: https://publicacoes.apamvet.com.br/PDFs/Artigos/13.pdf