A alimentação das aves é um dos fatores de maior influência no seu custo de produção, podendo chegar até a 70% dos custos. Sendo assim, pequenas melhorias quanto à eficiência de utilização dos nutrientes podem resultar em grandes economias no processo produtivo. A avicultura brasileira está em constante evolução e é fundamental conhecer e calcular alguns indicadores.
A conversão alimentar (CA) é uma das medidas utilizadas para verificar a produtividade, sendo definida como a quantidade de ração consumida para a produção de 1 kg de carne ou ovo. Desta forma, quando temos o aumento da CA, significa que houve um maior consumo de ração para produção de uma unidade – o que gera um impacto econômico bastante relevante na propriedade.
A elevação da CA indica um aumento na quantidade de ração produzida/fornecida às aves e, portanto, maior necessidade de utilização de ingredientes que compõem esta ração. Por outro lado, através da melhoria do aproveitamento dos nutrientes, pode-se reduzir o consumo de ração e otimizar a utilização de ingredientes, contribuindo, assim, para a sustentabilidade na produção avícola.
Várias tecnologias nutricionais têm sido estudadas, disponibilizadas e amplamente utilizadas pelos nutricionistas, com foco na melhoria da CA, além da adoção do uso adequado de recursos como o milho e a soja, que compõem a maior parte das dietas. Algumas destas tecnologias nutricionais que auxiliam na otimização do uso de ingredientes nas rações são as enzimas, os minerais orgânicos e o conceito de proteína ideal.
Enzimas
A inclusão de enzimas exógenas na alimentação das aves tem por objetivo melhorar a eficiência da digestão dos alimentos, diminuir a perda de nutrientes e, consequentemente, elevar o potencial de redução da poluição ambiental causada pelo excesso de nutrientes contidos nas excretas das aves.
A principal finalidade da suplementação enzimática em dietas para aves é a degradação dos fatores antinutricionais destes grãos, principalmente os polissacarídeos não amiláceos (PNA’s) e fitatos, aumentando, assim, a quantidade de nutrientes disponíveis para digestão e absorção no intestino da ave.
A seguir estão alguns exemplos:
- Uso da enzima fitase valorizando 0,1% de fósforo e cálcio, levaria a uma redução de aproximadamente 2,8 Kg de calcário e 5,55 Kg de fosfato bicálcico 18% por tonelada de ração produzida.
- Uso de uma carboidrase liberando 30.000 Kcal de energia metabolizável por tonelada de ração, o que corresponde à redução de aproximadamente 3,40 Kg de óleo de soja por tonelada de ração produzida.
Em resumo, poderá ocorrer a melhoria da capacidade digestiva das aves através do uso destas enzimas exógenas nas rações, sendo uma alternativa não somente para melhorar o desempenho animal e otimizar o uso dos ingredientes, mas também como forma de reduzir a quantidade de excretas produzidas, o que diminui o potencial contaminante do ambiente.
Minerais Orgânicos
Os minerais orgânicos apresentam absorção superior aos inorgânicos, pois geralmente usam as vias de absorção das moléculas orgânicas que os ligam, o que faz com que não tenham problemas de interações com outros minerais.
Por terem uma melhor biodisponibilidade, os minerais orgânicos podem ser adicionados em menor concentração na dieta, em comparação aos minerais inorgânicos, sem qualquer efeito negativo sobre o desempenho dos animais, além de reduzir a excreção de minerais, diminuindo, assim, a poluição ambiental.
Proteína Ideal
O uso do conceito de proteína ideal significa efetuar um balanço exato entre os aminoácidos essenciais e o suprimento de aminoácidos não-essenciais, que atenderão sem excedentes ou deficiências as necessidades absolutas de todos os aminoácidos requeridos pelas aves.
Para iniciar a redução ao nível mínimo proteico, os seguintes critérios devem ser considerados:
– Revisar as matrizes nutricionais dos ingredientes disponíveis;
– Revisar os requerimentos das aves para cada fase produtiva;
– Introduzir os requerimentos em aminoácidos essenciais;
– Avançar gradativamente checando sempre os resultados obtidos.
Lembrando que o uso do conceito de proteína ideal só é possível porque os principais aminoácidos limitantes (lisina, metionina, treonina, triptofano e valina) estão comercialmente disponíveis e a cada ano se tornam mais competitivos em formulações para aves.
Sendo assim, a alimentação das aves é um fator muito importante para manutenção do seu bem-estar e para uma produção com custos acessíveis aos produtores. Portanto, o investimento em melhorias na utilização e otimização do uso de ingredientes podem resultar em uma significativa economia no processo produtivo, atendimento das necessidades nutricionais das aves, melhorar o aproveitamento da ração e diminuir a poluição ambiental.
Fonte:
Por Renata Soares Marangoni, Revista O Presente Rural (Set. 2022)
