O bem-estar consiste em permitir uma harmonia entre a ave e o ambiente de forma que tenha uma melhor qualidade de vida e expressão de seus comportamentos naturais. Assim, manter um conforto físico e mental adequado é necessário para o entendimento de vários fatores envolvidos durante o processo da criação, sendo este o caso da iluminação.
Desta forma, um estudo produzido pela pesquisadora Karen Schwean-Larner, da Universidade de Sakatchewan, situada no Canadá, mostrou que os frangos de corte ficam mais relaxados sob a luz azul. Entretanto, tal resultado deve ser verificado com cautela, pois o estado considerado “calmo” sob luz azul pode ser devido a uma capacidade reduzida de visão das aves. Assim, Schwean-Larner cita que neste caso, o que ocorre é que os frangos observados sob luz azul na verdade pareciam ser mais capazes de encontrar os comedouros do que as aves que receberam outros tipos de iluminação. A pesquisadora completa que o estudo também revelou que, ao mesmo tempo, os benefícios dessa iluminação podem não ser suficientes para que produtores justifiquem a troca de luzes brancas ou amarelas por azuis.
Schwean-Larner relata que as aves não enxergam como seres humanos, mas de uma forma muito melhor, pois têm diferentes cones nos olhos, o que permite uma percepção de luz mais apurada.
Durante o estudo, Schwean-Lardner apontou uma diferença comportamental dos frangos: as aves mantidas sob a luz azul passaram mais tempo nos comedouros do que aquelas sob luz branca. No entanto, não houve diferença no peso corporal das aves sob diferentes iluminações. A pesquisadora completa que as aves não estavam se alimentando, mas por algum outro motivo ficavam próximas à luz azul. O estudo ainda demonstrou que as aves mantidas sob a luz branca andaram mais que as que estavam sob a luz azul, mas não houve diferença na qualidade óssea dos animais. Também foi observado mais banhos de areia das aves feitos sob luz branca, enquanto o forrageamento foi realizado mais vezes pelas aves mantidas sob a luz azul. Testes de medo também foram realizados e os níveis de imobilidade tônica foram os mais baixos em aves mantidas sob a luz azul, o mesmo resultado para o teste de medo foi realizado com a presença de observadores. Quando testes de novos objetos foram feitos, as distâncias em relação à resposta de medo foram mais prevalentes em frangos criados sob a luz branca.
Embora o tipo de iluminação usado tenha tido impacto nos comportamentos das aves, esses comportamentos não tiveram nenhum impacto significativo nos resultados mensuráveis de bem-estar animal. À medida que as aves eram observadas, notou-se que aquelas mantidas sob a luz branca eram mais pesadas no quinto dia, mas durante a maior parte do ciclo de crescimento, incluindo o final, não houve impacto significativo no peso corporal.
O estudo também revelou que a cor ou frequência da luz não teve efeito significativo na eficiência da alimentação das aves, uniformidade, mobilidade, arranhões na carcaça ou mortalidade. Apesar de encontrar poucas diferenças significativas nos resultados de seu estudo, Schwean-Lardner observou que as aves sob iluminação azul poderiam ter uma melhor qualidade de vida devido à redução da quantidade de estresse, sendo considerado um benefício às aves.
Um ponto negativo a ser considerado ao utilizar luzes azuis foi que para os colaboradores é muito mais difícil encontrarem as aves que precisam ser abatidas, pois enxergavam pouco dentro do aviário. Ela também mencionou que algumas plantas frigoríficas usam luzes azuis em áreas antes do abate ser realizado.
Portanto é importante que mesmo com o uso da luz azul, a melhor escolha por uma iluminação, será a luz natural, pois seu uso estimula o comportamento natural das aves, possibilitando realizar atividades como ciscar, tomar banho de areia, empoleirar-se, espreguiçar-se, permitindo com que as aves se sintam mais confortáveis e satisfeitas em seus ambientes.
Fonte: Adaptado Watt Poultry, 2025. Disponível em: https://www.wattagnet.com/broilers-turkeys/animal-welfare/article/15709150/broilers-and-blue-light-is-it-worth-making-the-switch
