Galinhas jovens também gostam de brincar!

Quando pensamos em animais brincando, tendemos a imaginar os pets que vivem em nossos lares, mais comumente cães e gatos. Entretanto, um estudo recente sugere que as galinhas também podem e gostam de brincar!

O estudo se baseia em pesquisas anteriores sobre o comportamento das galinhas – sugerindo que os animais, mesmo os de produção, não são tão diferentes de nós. Brincar é uma atividade popular para a maioria dos animais jovens, sejam humanos, cordeiros, porcos ou bezerros. É possível que o comportamento lúdico seja potencialmente um bom indicador de bem-estar animal e estados emocionais positivos.

Em geral, a domesticação de uma espécie está associada a uma série de modificações na aparência, fisiologia e comportamento, comumente conhecidas como síndrome da domesticação e todas essas características podem afetar diretamente o bem-estar das aves. 

Animais que estão com dor, desnutridos ou sofrendo de estresse tendem a ser desmotivados a brincar.  Experiências estressantes no início da vida também podem causar alterações de longo prazo no bem-estar das galinhas, como o nascimento em incubadoras e nascedouros barulhentos, transporte por esteiras transportadoras, triagem manual do sexo, vacinação, carregamento e, finalmente, o transporte até as fazendas de criação.

Baseada nestes fatos, os objetivos deste estudo foram comparar o comportamento lúdico entre galinhas domesticadas (White Leghorns) e galinhas selvagens (Red Junglefowl), consideradas ancestrais das galinhas domesticadas, descrever as diferenças no comportamento lúdico entre as galinhas domesticadas e seus ancestrais e avaliar os efeitos do estresse precoce encontrado durante a eclosão das aves em um sistema comercial sobre o comportamento de brincar. 

Foram identificados até 14 comportamentos referentes a diferentes brincadeiras, incluindo correr, pular, lutar e brincar com objetos diferentes, sem diferença entre os diferentes grupos de galinhas. A frequência de brincadeira apenas mostrou diferença significativa em relação à idade em ambas as linhagens de galinhas, com poucas ocorrências de brincadeiras nas primeiras 2 semanas de vida das aves, seguido por um aumento entre 25 e 36 dias de idade e diminuindo até  43 dias de idade das aves.

Animais domesticados tendem a se comportar de maneira mais juvenil quando comparados a espécies não domesticadas. Neste estudo, observou-se que as jovens galinhas domesticadas brincaram com uma frequência significativamente maior do que as galinhas não domesticadas. Quando tiveram a opção, as galinhas domesticadas optaram por brincar com brinquedos, sinalizando sua personalidade altamente curiosa e social. Já seus ancestrais preferiram brincadeiras sociais e locomotoras.

O estresse precoce da eclosão no ambiente industrial foi associado a um pequeno, mas significativo aumento na frequência de brincadeiras. Assim, é possível que o comportamento lúdico em galinhas jovens seja afetado tanto pela domesticação quanto pelo estresse.

Os resultados indicam que a domesticação pode ter feito com que as galinhas se tornassem mais brincalhonas, e que essa brincadeira é direcionada principalmente para objetos. É possível que as galinhas possam estar usando a brincadeira como mecanismo de enfrentamento ao estresse encontrado nos atuais modelos de produção.

Sendo assim, sugere-se que de alguma forma, deva-se melhorar o bem-estar psicológico dos animais de criação e que isso poderia estimular as aves a brincarem e passarem por experiências positivas e gratificantes. 

É importante que os envolvidos nas cadeias produtivas, cada um à sua maneira, possa fazer o melhor para que as aves tenham a oportunidade de experimentar estados emocionais positivos e expressar seus comportamentos naturais, pois esta espécie, assim como outras altamente inteligentes e sociais, gostam de brincar, têm personalidades distintas e uma grande capacidade cognitiva!

Fontes:

Devatha P. Nair – Sentient Media

Gabrielle L., Rebecca O., Louise H., Johanna G., Jensen P. Play ontogeny in young chickens is affected by domestication and early stress. Scientific Reports, 12:13576. 2022.

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