Perguntas frequentes

Principais perguntas sobre a Iniciativa Mira Poedeiras

Segundo relatório da ABPA-Associação Brasileira de Proteína Animal (2024) o Brasil alojou em 2023  aproximadamente 130.7 milhões de galinhas poedeiras comerciais.

Sistemas em gaiolas de bateria: As galinhas poedeiras são confinadas em gaiolas e recebem alimentação com ração à base de insumos como o milho e soja transgênicos. É relatado baixo grau de bem-estar animal nesse sistema, por impedir que as aves realizem comportamentos naturais, o que fez com que muitos países optassem por abolir esse tipo de criação. Além disso, há maiores problemas ósseos devido a menor movimentação e maiores índices de bicagem e canibalismo nesse tipo de sistema. Devido a menor movimentação das aves e maior densidade utilizada nesse sistema, há menor custo e consequentemente os ovos são repassados aos consumidores com menor preço, mas com comprometimento severo sobre o bem-estar das aves.

Sistema livres de gaiolas: As galinhas criadas neste sistema, também conhecido como cage-free, têm acesso a ninhos, poleiros e recebem uma alimentação balanceada. As aves são mantidas soltas dentro do galpão, com maior possibilidade de expressarem seu comportamento natural, com ciscar, empoleirar, colocar ovos nos ninhos, aumentando consideravelmente seu grau de bem-estar. Entretanto, este sistema ainda limita as aves, pois elas ainda são confinadas dentro dos galpões e sem acesso a área externa. Pela maior movimentação e menor densidade, esse sistema tem maior custo quando comparado aos sistemas em gaiolas, porém ainda é mais acessível que os sistemas caipiras e orgânicos. Verifica-se que muitos consumidores interessados no bem-estar das aves estão dispostos a pagar por esse tipo de produto.

Sistemas caipiras: as galinhas criadas neste sistema são aves de raça rústica, criadas em ambiente com uma instalação fechada (aviário ou galinheiro), mas com acesso a uma área de pasto. Devido a possibilidade de comer folhas verdes e milho, a galinha ingere naturalmente pigmentos que deixam a gema do seu ovo mais alaranjada. Estas aves não recebem anticoccidianos profilaticamente e promotores de crescimento. Devido a menor densidade quando comparada aos demais sistemas e acesso das aves a área externa, há maior custo na produção dos ovos, porém as aves têm maior grau de bem-estar.

Sistemas orgânicos: as galinhas são aquelas criadas de forma similar às galinhas caipira, mas só podem ser alimentadas com insumos livres de agrotóxicos ou ingredientes transgênicos. Não podem receber medicamentos como antibióticos e promotores de crescimento. O conceito de orgânico também determina que a criação respeite o meio ambiente, sem causar danos ao solo, ar e outras culturas de produção. Apesar dos maiores custos na alimentação das aves, esse tipo de sistema tem ganhado um nicho de mercado cada vez maior pelos consumidores, principalmente os mais preocupados com bem-estar animal e saúde.

É possível que o processo de modificar os sistemas de produção em prol do maior grau de bem-estar animal gere aumento dos custos para os produtores, estimados em cerca de 10%, mas acredita-se que esses custos podem ser recuperados, em partes, graças à importância dada pelos consumidores às melhores condições oferecidas aos animais e, portanto, pela agregação de valor ao produto final.

Globalmente, estima-se que 84,2% das galinhas poedeiras ainda estejam sendo mantidas em sistemas que utilizam as gaiolas, 12,4% mantidas em galpões livres de gaiolas e 3,4% em sistemas com acesso ao ar livre.

A norma ABNT NBR 16437 de 12/12/2016, define os critérios para a Produção, classificação e identificação do ovo caipira, colonial ou capoeira. 

O Sistema Orgânico é orientado pela Lei Nº 10.831/2003 e mais detalhes como Regulamento Técnico, listas de substâncias e práticas para uso neste tipo de sistema são determinadas na Portaria Nº 52, de 15 de março de 2021, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Nesta Portaria, você encontra como atestar que um produto é orgânico, como a unidade de produção deve ser e como fazer a conversão da sua produção para ser considerada orgânica.

No Brasil ainda 95% dos sistemas de produção existentes são de gaiolas de bateria, enquanto cerca de 5% são dos demais sistemas livres de gaiolas, porém esse número tende a aumentar, já que mais de 200 empresas que utilizam ovos já realizaram compromissos de apenas utilizar ovos advindos de sistemas livres de gaiolas nos próximos anos. 

A iniciativa MIRA Poedeiras também realiza o mapeamento de produtores que utilizam sistemas livres de gaiolas. Através do cadastramento no site: https://mira.org.br/ os produtores podem fortalecer a cadeia e terem visibilidade por consumidores e empresas alimentícias.

Enquanto em um sistema com gaiolas a taxa de mortalidade das aves permanece estável, no cage-free a taxa de mortalidade reduz em média de 0,35% a 0,65% a cada ano de experiência do produtor. Além disso, é preciso considerar que a taxa de mortalidade depende do manejo e ações preventivas do próprio criador. Por exemplo, quanto antes as aves estiverem familiarizadas com as características do sistema livre e suas respectivas estruturas, menos problemas de fraturas, contusões ou mortalidade serão observados neste sistema.

Cada sistema possui pontos críticos particulares, porém o conhecimento sobre estes pontos e o manejo adequado são suficientes para mitigar quaisquer riscos para a produção. O adequado manejo e telamento ainda podem evitar a ação de predadores sobre as aves. 

Com relação ao controle de endo/ectoparasitas, deve-se seguir um calendário de acordo com a demanda da região, ambiência e quantidade de animais. Quando monitorado de forma efetiva, esse controle evita a mortalidade dos animais e altos custos com produtos ou perdas produtivas. Nesse sentido, há uma crescente demanda de produtos naturais para que se faça esse controle parasitário em produções comerciais de aves livres de gaiolas, uma vez que são menos prejudiciais à saúde dos animais e do consumidor final. O extrato de alho, por exemplo, quando utilizado em uma concentração adequada, vem se mostrado eficaz no controle de endo e ectoparasitoses como ascaris e piolhos, comumente conhecidos como vermes redondos e pichilinga. Esses dois parasitas, quando infestam os animais, podem ocasionar perdas severas na produtividade, além de deixar os animais mais suscetíveis a doenças e a mortalidade.

O programa de vacinação de acordo com a região também é relevante, pois reduz a entrada de microorganismos e a persistência dos mesmos, além de reforçar o sistema imunitário das aves de acordo com a idade. Deve-se destacar que cada região precisa ter seu programa específico de vacinação de acordo com a ocorrência das patologias, porém há doenças de notificação obrigatória e seus respectivos programas vacinais obrigatórios. Em muitos casos, os animais são vacinados no incubatório e posteriormente, recebem um reforço no campo.

As galinhas poedeiras criadas em sistemas convencionais podem ser mais vulneráveis a fraturas devido a falta de mobilidade durante sua vida. As aves livres de gaiolas tendem a ter estrutura óssea e muscular mais robusta, mas para evitar fraturas nestas aves também é importante manter um bom manejo e nutrição, evitar amontoamentos e facilitar a adaptação destas aves ao sistema. Nesse quesito o treinamento das aves ainda na recria é essencial para garantir menor índice de fraturas ou acidentes.

Dependendo do manejo utilizado na granja, se o manejo for correto, haverá menor incidência de ovos sujos. Há menos ovos sujos quando for utilizada uma quantidade suficiente de ninhos, manejo adequado da cama, retiradas de ovos periódicas, além de ninhos automáticos. Em relação à contaminação da casca dos ovos, estudos apontam que após a lavagem com desinfetante desses ovos, a contaminação é reduzida e se torna semelhante nos dois tipos de ovos.

Existem poucos estudos sobre o tema, mas claramente há divergências entre as opiniões dos pesquisadores. O que sabemos é que existem variações inerentes à raça, nutrição e manejo, mas não se sabe ao certo sobre as diferenças somente de sistemas. Um estudo constatou melhores parâmetros de gema e albúmen e maior atividade antioxidante para sistemas cage-free em relação a sistemas de gaiola. Outros estudos não mostram diferenças significativas entre os a qualidade e valor nutricional de ovos de diferentes sistemas.

Sim, porém com o correto investimento em mão de obra especializada, os colaboradores poderão dar mais atenção às aves realizando um melhor manejo e diagnosticando rapidamente doenças e possíveis problemas, prevenindo mais facilmente estas intercorrências e gastando menos com tratamentos. Além disso, a depender do galpão utilizado, existem empresas especializadas em equipamentos para o sistema de produção de ovos livres de gaiolas. Há casos da mão de obra ser a mesma utilizada em sistemas de gaiolas. Com a utilização de ninhos automáticos, por exemplo, pode-se reduzir de 30 a 40% os gastos com mão de obra.

Sim, porém há ações que os produtores podem realizar para amenizar esse custo. Investimento em forragem pode complementar a alimentação, substitui o uso de corantes sintéticos, além de conter inúmeros benefícios para as aves. Ainda é possível investir no aumento de índices zootécnicos para as linhagens já utilizadas, pois com o aumento dessa procura, as empresas de genéticas irão continuar melhorando as linhagens de galinhas comerciais voltadas para a produção de ovos livres de gaiolas. Esta ação poderá, consequentemente, melhorar os índices zootécnicos destas aves. O custo com alimentação aumenta cerca de 38% e quem irá pagar esse custo será o consumidor.

Não há estudos no Brasil sobre o retorno de investimento em sistemas livres de gaiolas, somente estudos que relatam que este retorno é viável. Entretanto, recentemente, uma grande empresa produtora de ovos livres de gaiolas reportou publicamente sobre o retorno econômico positivo. Os retornos de investimentos nesse setor ainda dependem de diversos fatores, não somente com relação ao mercado, mas também do produtor, o quanto a empresa está comprometida com a produção, manejo, produtividade e marketing, se possui selos ou compromissos em relação ao bem-estar animal, entre outros. 

O uso do marketing é essencial para mudar as preferências dos consumidores, bem como atender aos consumidores que já preferem sistemas que aumentam o grau de bem-estar das aves. Caso a granja tenha aderido a algum compromisso de bem-estar animal, pode ainda ser mais fácil vender os ovos. É possível observar que várias grandes empresas do ramo alimentício (mais de 200 empresas) já se comprometeram com a compra de ovos livres de gaiola até 2030, o que totaliza na comercialização de cerca de 9,5 bilhões de ovos/ano até 2030, demanda que ainda pode aumentar. Isso significa que as empresas que querem vender para indústrias alimentícias precisam se adequar a essa transição de sistema produtivo. Conheça essas empresas acessando o link:https://www.egglab.org.br/.

A Iniciativa MIRA Poedeiras entende que, atualmente, há maior procura do que disponibilidade de ovos livres de gaiolas no mercado, pois as empresas que estão aderindo ao compromisso de bem-estar animal estão aumentando. É por isso que propomos uma linha do tempo para implementação de compromissos por produtores com o término da implementação em 2028. Esse planejamento dá aos produtores tempo suficiente para realizar a transição e atender a demanda. Centenas de empresas adotaram esse planejamento e estão trabalhando com seus fornecedores para fazer a transição. Verifica-se uma crescente procura por ovos livres de gaiola, sendo importante que os produtores se adequem a essa demanda. A previsão é que até 2025, o Brasil terá uma demanda de cerca de 5 bilhões de ovos por ano e, até 2030, de 9,5 bilhões de ovos por ano; representando mais de 18% do mercado de ovos brasileiro. Considerando a atual estimativa de apenas 5% de ovos livres de gaiola disponíveis no mercado, é evidente a oportunidade de investimento. Em adição a isso, a tendência é que essa demanda  aumente à medida que as empresas estão se comprometendo a alterar suas cadeias de suprimento.

Sim! Há empresas que investem na produção de ovos processados livres de gaiolas. A procura por esse tipo de ovo está cada vez maior por empresas que já realizaram compromissos, e tende a aumentar, sendo uma área muito importante para se investir nesse momento. Quer saber mais sobre esse tipo de produto e quais empresas produzem? Estamos à disposição  pelo email contato@mira.org.br.

O bem-estar é um estado que reflete a relação do animal com o seu ambiente, sendo um conceito multifatorial e complexo, que demanda uma avaliação contínua e estudos para cada espécie em questão. Nesse contexto, é interessante conhecer o conceito das Cinco Liberdades! Inicialmente pensadas na década de 1960 e adaptadas pela Farm Animal Welfare Council na década de 1990 (FAWC, 1992), as Cinco Liberdades são utilizadas até os dias atuais para nortear a construção e adoção de documentos que envolvam boas práticas na produção animal:

  • Liberdade nutricional: o animal deve estar livre de fome e sede, ou seja, ter acesso a água e alimento adequados para manter sua saúde e vigor.
  • Liberdade Ambiental: o animal deve estar livre de desconforto, ser mantido em um ambiente adequado, com condições de abrigo e descanso adequados.
  • Liberdade Sanitária: o animal deve estar livre de dor, doença e injúria e os responsáveis pela criação devem garantir prevenção, rápido diagnóstico e tratamento adequado aos animais.
  • Liberdade comportamental: ter possibilidade para expressar os comportamentos naturais da espécie, o que exige espaço suficiente, instalações adequadas e a companhia da sua própria espécie.
  • Liberdade Psicológica: o animal deve estar livre de medo e de estresse, não devem ser submetidos a condições que os levem ao sofrimento mental, como estresse, medo, angústia.

Uma definição mais atual, descrita como “Os cinco domínios” descreve que o bem-estar animal influencia diretamente, de maneira positiva ou negativa, sobre o estado mental dos animais. Isso significa que os estados mentais e as emoções se tornam, a partir de então, uma parte fundamental da avaliação do bem-estar animal.

As definições de bem-estar animal se aplicam a qualquer espécie e em diferentes sistemas de produção. Entretanto, alguns sistemas são considerados mais restritivos que outros. Aves mantidas em gaiolas, por exemplo, tem uma restrição acentuada quando falamos no atendimento de suas necessidades mais básicas. O estresse e a falha em lidar com o ambiente estão relacionados a fatores comportamentais, fisiológicos e fisiopatológicos, que por exemplo podem aumentar a mortalidade, susceptibilidade a doenças e falha no crescimento dos animais. Estes fatores demonstram a complexidade do entendimento sobre o indivíduo e seu bem-estar, onde dependem de diversos fatores inerentes ao manejo e à ave.

Um estudo inédito, conduzido pelo Instituto Datafolha a pedido da ONG Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, mediu o grau de interesse dos brasileiros em relação ao bem-estar dos animais criados em fazendas e sobre quais marcas de supermercados deveriam se comprometer a oferecer produtos cuja matéria-prima vem de propriedades que adotam medidas para reduzir o sofrimento animal. O Estudo relatou que praticamente 9 de cada 10 brasileiros (88%) maiores de 16 anos se importam, em maior ou menor grau, com o sofrimento dos animais nas fazendas. Foram entrevistadas 2073 pessoas, 64% indicaram se importar muito e 24% se importar um pouco com o bem-estar animal. Na estimativa populacional do Brasil para 2021, o percentual de quem se importa corresponde a aproximadamente 148 milhões de pessoas.

A certificação em bem-estar animal é um processo pelo qual as empresas e/ou produtores buscam comprovar que estão seguindo padrões específicos para garantir o tratamento ético aos animais que estão sob sua responsabilidade. Existem várias organizações e programas de certificação em todo o mundo, cada um com seus próprios critérios e padrões. Estes programas de certificação, em geral, abordam questões baseadas às cinco liberdades ou cinco domínios, como o ambiente no qual os animais são mantidos, práticas de manejo, acesso e qualidade dos alimentos, cuidados veterinários, métodos de abate, treinamento de colaboradores, comportamento dos animais, entre outros.

A certificação de uma empresa alimentícia, granja ou planta frigorífica não é um processo obrigatório, mas traz vários benefícios a quem os adquire, tais como:

  • Garantir aos seus consumidores que foram empregadas práticas de manejo que aumentam o grau de bem-estar dos animais;
  • Melhorar significativamente a qualidade de vida das aves, reduzir índices de estresse e/ou mortalidade e, consequentemente, aumentar os índices de rentabilidade econômica da empresa;
  • Inserir na indústria melhores práticas de manejos, que são positivas tanto às aves quanto aos seus colaboradores;
  • Agregar valor ao produto;
  • Construir uma imagem positiva da empresa.

De maneira geral, a certificação em bem-estar animal tem muito a agregar às empresas e aos animais, além de ser um diferencial de mercado.

Os compromissos são ferramentas poderosas para mostrar à sociedade que uma empresa e/ou produtor estão comprometidos com determinada conduta. Existem diversos compromissos públicos firmados com a sociedade civil organizada ou ONG’s com relação ao bem-estar dos animais de produção, como por exemplo, com suínos, frangos de corte e galinhas poedeiras livres de gaiolas. Cada compromisso pode ser realizado com datas e atendimento de pontos específicos, que poderão ser negociados com as empresas que os propõem. Criando um cronograma, objetivos claros e de forma organizada, é possível fazer uma transição gradual e positiva para todos os envolvidos nesta cadeia, incluindo publicação de relatórios para acompanhamento dos progressos e até cumprimento de metas antes da data estipulada. 

A adoção de compromissos públicos faz com que a empresa se comprometa a tomar medidas em favor do bem-estar animal. Um grande exemplo atual de compromissos diz respeito ao  aumento do número de aves criadas em sistemas livres de gaiolas, bem como mercados e empresas alimentícias que se comprometem a comprar e/ou comercializar somente ovos de galinhas mantidas em sistemas livres de gaiolas. Você pode conhecer empresas/produtores que já aderiram a estes compromissos acessando o relatório da plataforma EggLab (https://www.egglab.org.br/), projeto criado para acompanhar e apoiar a transição de cadeia de suprimentos após a adesão aos compromissos de todas as empresas com presença no Brasil.

A Iniciativa MIRA Poedeiras está à disposição para ajudá-lo neste processo de comprometimento com os animais que é tão relevante à sociedade. Estamos à disposição pelo email contato@mira.org.br.

Os benefícios são vários, tais como:

  • Sua empresa poderá ser indicada para outras empresas e processadoras parceiras da Iniciativa MIRA Poedeiras que buscam por fornecedores;
  • Sua empresa poderá ter marketing positivo frente aos consumidores;
  • Antecipação ao futuro em relação a criação de galinhas poedeiras livres de gaiolas;
  • Proporcionar maior grau de bem-estar às aves;
  • Investimento em um sistema mais ético e compassivo às aves;
  • Agregação de valor aos produtos.

Nos sistemas de produção a observação dos comportamentos naturais das aves são essenciais, as aves precisam exercer comportamentos como ciscar, tomar banho de areia e empoleirar-se, a ausência ou alteração desses comportamentos podem demonstrar desconfortos, estresse, dor e medo. Além disso, deve ser observado a ausência de dor e doenças. O escore corporal, consumo de água e alimento e o empenamento também são importantes índices de saúde e consequentemente de bem-estar das aves.

Sim! É pensando no crescimento das pequenas empresas que a iniciativa MIRA Poedeiras oferece capacitações e conteúdos gratuitos, já que essas empresas necessitam de maior apoio para realizar uma transição. Estamos à disposição para buscar que os produtores consigam fazer essa transição de maneira segura e gradual, sem interferir nos seus ganhos, de maneira que possam crescer como pioneiras no mercado.

Recentemente a iniciativa MIRA Poedeiras lançou uma cartilha intitulada: “Rumo a avicultura alternativa: transição do sistema de produção de ovos em gaiolas para livres de gaiolas”. O objetivo deste documento é  ajudar os produtores a migrar de sistemas. Este documento se concentra em orientar de forma simples os produtores brasileiros nesta mudança de sistemas, preservando o bem-estar econômico das suas respectivas empresas, sua imagem, a qualidade dos ovos, o bem-estar humano e das galinhas poedeiras. Acesse este guia gratuitamente disponível no link https://mira.org.br/cartilha/

Ainda não há dados suficientes sobre gastos específicos de uma transição, pois isso depende de diversos fatores como para qual sistema irá transicionar, o espaço disponível, poder de investimento, etc. Temos no momento o contato de várias empresas e consultorias que trabalham com sistemas livres de gaiola que podem lhe ajudar nessa questão. Existem estimativas confiáveis que o aumento de custo durante a produção é de 38%. A Iniciativa MIRA Poedeiras também criou uma ferramenta para ajudá-lo nesta questão: uma calculadora! Com esta ferramenta, é possível verificar um valor aproximado para realizar a transição de sistemas. O objetivo deste dispositivo é que o produtor possa fazer a troca de sistemas sem grandes surpresas e se planejar financeiramente em relação ao investimento em sua granja. O produtor ainda pode comparar os valores de transição atualizados entre uma granja com instalações e manejos mais tecnificados como bebedouros, comedouros e coletores de ovos automatizados com instalações menos tecnificadas e equipamentos manuais. Você pode utilizar gratuitamente esta ferramenta acessando o link https://mira.org.br/calculadora/.

Você pode utilizar gratuitamente esta ferramenta acessando o link https://mira.org.br/calculadora/

Siga os seguintes passos para calcular seus possíveis gastos em uma transição de sistemas:

1º Passo: Escolha qual o tipo de manejo que pretende implementar.

2º Passo: Preencha os dados e inclua os equipamentos que deseja implementar em seu sistema de produção.

3º Passo: Pronto! Você receberá um e-mail com o valor aproximado da transição de sistemas com todas as especificações. Essa informação fornecerá  uma base para o projeto de implementação de um novo sistema. O acesso a nossa calculadora é gratuíto!

No site da Iniciativa MIRA Poedeiras há um espaço no qual você poderá encontrar mais de 200 produtores cadastrados em nossa base de dados (https://mira.org.br/mirapoedeiras/). Esses produtores possuem produção de ovos livres de gaiolas e são mapeados pelo nosso projeto constantemente. Realizamos essa ação com o objetivo de  estreitar o contato entre consumidores e produtores.

A Iniciativa MIRA Poedeiras trabalha com capacitações encomendadas, que poderão ser tanto online como presenciais. Neste evento,  abordamos temas sobre manejo, produção, comercialização e marketing para produtores que são ou querem se tornar livres de gaiolas. Além disso, ajudamos empresas e seus fornecedores a cumprirem seus compromissos com a sociedade pública, capacitando-os sobre a importância desse compromisso, bem-estar na produção de ovos e como cumpri-lo. Você pode saber mais sobre como conseguir essas capacitações por meio  do e-mail contato@mira.org.br.

Entre em contato conosco pelo e-mail: contato@mira.org.br.  Também nos siga em nossas redes sociais:

Linkedin: https://www.linkedin.com/company/iniciativa-mira/

Instagram: https://www.instagram.com/mirapoedeiras

Facebook: http://www.facebook.com/mirainiciativa

Youtube: https: https://www.youtube.com/@iniciativamira

Através do site: https://mira.org.br/ você pode ter acesso aos nossos informativos (https://mira.org.br/informativos-tecnicos-downloads/), noticias (https://mira.org.br/blog/) e cartilhas (https://mira.org.br/cartilha/). Também fazemos capacitações encomendadas em relação ao bem-estar de galinhas poedeiras.

Perguntas frequentes

Principais perguntas sobre a Iniciativa Mira Frangos

O bem-estar animal refere-se ao estado de um animal em relação às suas tentativas de se adaptar ao meio no qual vive. Isso significa buscar o equilíbrio entre os aspectos físicos, mentais e comportamentais. Os primeiros relatos sobre o bem-estar ocorreram no ano de 1964, quando a jornalista Ruth Harrison, realizou publicações no Reino Unido, que posteriormente foram reunidas no livro "Animal Machines". O objetivo era expor a sociedade sobre a intensificação da produção animal e a forma como os animais eram tratados, ou seja, como máquinas, ao invés de indivíduos sencientes. Como consequência, no ano de 1965, o Parlamento Britânico estabeleceu o Comitê de Brambell e houve a publicação do relatório Brambell, o “Relatório técnico para avaliação de bem-estar dos animais mantidos em sistemas intensivos”. O documento apresentou padrões mínimos que deveriam ser atendidos para melhorar a qualidade de vida destes animais. Assim, também passamos a ter “As cinco liberdades”.

As cinco liberdades são:

  • Livre de fome e sede;
  • Livre de desconforto;
  • Livre de dor, doença e injúria;
  • Liberdade para expressar os comportamentos naturais da espécie;
  • Livre de medo e de estresse.

 

A utilização de protocolos baseados no conceito das cinco liberdades do bem-estar animal foram aplicados para garantir a prevenção de doenças e desconforto, diagnóstico e tratamento rápidos,  prover ambientes apropriados que incluam abrigo e áreas confortáveis de descanso, disponibilizar água fresca e dieta adequado, condições e tratamentos que evitem o sofrimento mental, provendo espaço suficiente e instalações apropriada, bem como prover a companhia de animais da própria espécie. Como forma de atualização das 5 liberdades, em 1994 os pesquisadores Mellor e Reid, desenvolveram os Cinco Domínios, um modelo mais abrangente de avaliação do bem-estar animal. Esse modelo toma como base a parte mental dos animais. Deste modo, o modelo conta com cinco domínios, sendo quatro domínios físicos/funcionais, sendo eles “nutrição e hidratação”, “ambiência”, “saúde e status funcional” e “comportamento” e o “estado mental”, que reflete todos os efeitos dos quatro domínios físicos/funcionais sobre o bem-estar dos animais. O estado geral do bem-estar reflete seu status, que vai de extremamente positivo a extremamente negativo.

Os animais são seres sencientes, ou seja, são capazes de sentir! Dessa maneira, também devemos mudar a forma como vemos e tratamos os animais. Além da senciência, é importante considerar o número de animais envolvidos nas cadeias produtivas. O frango de corte é a espécie de produção terrestre que contém o maior número de indivíduos, com aproximadamente 60 bilhões de animais abatidos anualmente em todo o mundo. Além do número de animais, questões como a genética das aves para crescimento rápido, os sistemas de criação, altas densidades, ambientes estéreis, baixa qualidade em torno da ambiência e iluminância, manejo pré-abate e abate e os métodos de insensibilização também precisam ser revistos, pois são de grande relevância ao bem-estar dos frangos de corte.

 

De acordo com os dados apresentados pelo Relatório Anual da Associação Brasileira de Proteína Animal publicado em 2024, referente ao ano de 2023, a produção brasileira de carne de frango chegou a 14,833 milhões de toneladas, com o abate de 5,296 bilhões de aves. Dessa maneira, o Brasil ficou responsável por 14,5% da produção mundial de carne de frango em 2023, ficando atrás somente dos Estados Unidos, com 20,6%.

A iniciativa MIRA Poedeiras também realiza o mapeamento de produtores que utilizam sistemas livres de gaiolas. Através do cadastramento no site: https://mira.org.br/ os produtores podem fortalecer a cadeia e terem visibilidade por consumidores e empresas alimentícias.

O Brasil não possui norma ou legislação em relação ao bem-estar de frangos de corte. O Decreto nº 24.645 de julho de 1934, estabelece medidas de proteção animal, mas de maneira geral. A Constituição Federal de 1988, no artigo 225, dota o poder público de competência para proteger a fauna e a flora, vedando práticas que submetam os animais à crueldade. Já a Coordenação de Boas Práticas Agropecuárias (CBPA) busca fomentar o desenvolvimento e o conhecimento técnico sobre o tema de forma a promover o aprimoramento das legislações nacionais em conjunto com demais unidades do Ministério da Agricultura. Outras legislações em relação a proteção dos animais:

Resolução Nº1.236/2018 CFMV: Dispõe sobre conduta dos profissionais quanto ao diagnóstico e definição de maus tratos a animais vertebrados.

As recomendações de bem-estar de frangos de corte são especialmente pioneiras no continente Europeu. Órgãos como a EFSA (European Food Safety Authority) lançam desde o ano de 2000, relatórios científicos os quais fazem recomendações detalhadas sobre como aumentar o grau de bem-estar de diversas espécies de animais de produção, dentre elas os frangos de corte. Nesse sentido, artigos científicos têm sido publicados há pelo menos 30 anos pelo mundo para identificar pontos críticos e como estes podem ser amenizados e/ou resolvidos. As recomendações mais atuais referente ao bem-estar de frangos baseiam-se em padrões do Better Chicken Commitment (BCC). Ainda faz-se importante conferir as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) para o bem-estar de diferentes espécies animais em diferentes etapas de produção, em especial dos frangos de corte. Ainda existem diversos protocolos que buscam formas de verificar se o bem-estar dos animais está sendo adotado.

 

O bem-estar de frangos de corte pode ser avaliado por meio de dois tipos de indicadores:

 

Indicadores baseados nos animais: 

  • Diretos: comportamento, sinais clínicos de lesão, problemas locomotores, dermatites de contato, doenças, inspeção post mortem (septicemia, hepatite, hematomas, lesões cutâneas e pulmonares, ascite, dermatites).
  • Indiretos: registros dos animais como peso, incidência de doenças, mortalidade.

 

Indicadores do ambiente:  observação do ambiente, recursos e gerenciamento das atividades.

  • Gestão geral do sistema produtivo
  • Qualidade da cama
  • Densidade
  • Temperatura do ambiente
  • Qualidade do ar
  • Eficiência do sistema de ventilação
  • Umidade relativa do ar
  • Iluminação
  • Biossegurança
    • Higiene das rotinas dos colaboradores e visitantes
    • Controle de pragas
    • Limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos
    • Controle sanitário como vacinação dos frangos, tratamento antiparasitário e tratamento veterinário justificado
  • Documentação
    • Registro de medidas de biossegurança
    • Registro de mortalidade
    • Registro da distribuição e qualidade de alimentos
    • Registro de programas de alimentação
    • Registro de programas de iluminação
    • Backup de sistemas de backup
    • Registro de origem e entrega das aves
    • Registro de treinamento dos colaboradores.

Os consumidores estão cada vez mais conscientes e preocupados com as questões éticas e ambientais relacionadas à produção de alimentos, e estão exercendo sua influência por meio de suas escolhas de compra. Bem-informados e exigentes, costumam direcionar os rumos do mercado, incluindo o consumo de carnes e produtos de origem animal. No setor avícola esta intenção está cada vez mais crescente. Além de questões éticas, incluem-se outras pontuações como a alteração dos hábitos alimentares, no qual os consumidores querem entender os processos produtivos, procuram pela qualidade do produto final e seus impactos sobre sua saúde e segurança alimentar. Tal efeito pode ser comprovado na pesquisa Datafolha, encomendada em 2021 pelo Fórum Nacional de Defesa e Proteção Animal. Verificou-se que 88% dos entrevistados (maiores de 16 anos) se importam com o grau de bem-estar dos animais de fazenda. Esse dado significa que 9 em cada 10 brasileiros querem saber sobre as condições oferecidas aos animais de produção. Assim, o bem-estar das aves de produção também está incluído na preocupação dos consumidores, haja visto que em  algumas sociedades,  os  consumidores se  recusam  a  adquirir  produtos produzidos às custas do sofrimento animal. Nestas sociedades, os governos têm buscado incorporar tais preocupações em suas políticas públicas e legislações.

 

Existem basicamente 3 tipos de sistemas de criação de frangos de corte: 

  • Sistema semi-climatizado e convencional: ambos os sistemas são caracterizados pelo alojamento de aves de rápido crescimento em galpões com as laterais abertas, protegidas por telas e cortinas amarelas ou azuis (cores mais comuns). Estas instalações também são conhecidas como galpões de pressão positiva. No sistema convencional, faz-se uso de ventilação natural e luz natural+artificial por meio do manejo das cortinas. Já no sistema semi-climatizado, além dos itens acima citados, adiciona-se a ventilação artificial por meio do uso de ventiladores de pressão positiva e inclusão de um sistema de resfriamento evaporativo (aspersores / nebulizadores).
  • Sistema Climatizado: os frangos de crescimento rápido são mantidos em um galpão totalmente fechado, seja por cortinas duplas ou estruturas sólidas. Dessa maneira, as condições ambientais internas não sofrem influência das condições externas. As instalações possuem ventiladores de pressão positiva ou exaustores de pressão negativa, bem como sistemas de resfriamento evaporativo (nebulizadores) ou pad cooling. Nestas instalações também são observados o uso exclusivo de luz artificial e uma densidade superior quando comparado aos outros sistemas de criação de frangos. A classificação deste galpão pode também ser feita de acordo com a cor da cortina, como blue house, yellow house, green house ou dark house, ou seja, cortinas azuis, amarelas, verdes e pretas, respectivamente. Uma das versões mais utilizadas é o dark house.
  • Sistemas alternativos: os frangos podem ser mantidos em sistemas do tipo Caipira ou Orgânicos, com linhagens específicas e de crescimento lento. A criação de frangos caipiras, tipo colonial ou de capoeira é regida pela ABNT NBR 16389/2015, a qual define os requisitos para produção das aves em um sistema semi-extensivo, ou seja, com acesso ao ambiente externo. Os frangos mantidos em sistemas orgânicos também devem respeitar normas específicas, desde alimentação ao uso de medicamentos, como a Lei Nº 10.831/2003, o Decreto Nº 6.323/07 e a Portaria 52/2021, bem como seus anexos:
    • Anexo I – Substâncias e produtos autorizados na higienização de instalações, equipamentos e utensílios em sistemas orgânicos de produção;
    • Anexo II – Substâncias e produtos autorizados na prevenção e tratamento de enfermidades de animais em sistemas orgânicos de produção;
    • Anexo III – Substâncias e produtos autorizados na alimentação de animais em sistemas orgânicos de produção.

A densidade é representada pela quantidade em número de aves criadas/m2 ou kg/m2. No Brasil não existe uma legislação que estabeleça uma taxa de densidade, mas a recomendação é que não se ultrapasse 39 kg/m2. Entretanto, recomendações provenientes de trabalhos científicos, como World Animal Protection e BCC indicam que, em relação ao bem-estar das aves, a densidade não deve ultrapassar 30 kg/m2.

As linhagens mais comuns encontradas na criação de frangos de corte são divididas entre linhagens de crescimento rápido e lento. Os frangos de crescimento lento apresentam um desenvolvimento muscular mais lento, predispondo o animal a ser abatido mais tardiamente (passando de 50 dias de idade). De acordo com estudos, os frangos de crescimento lento apresentam uma variedade de comportamentos positivos relacionados ao seu bem-estar, que melhoram a qualidade de vida do animal e consequentemente sua saúde. Os frangos de crescimento rápido apresentam um desenvolvimento muscular mais rápido e não abatidos, em média, até 42 dias de idade e estudos indicam o comprometimento de vários pontos da saúde  física, comportamental e mental destas aves. O rápido ganho de peso causa problemas de pernas, distúrbios metabólicos e consequente aumento da mortalidade. Fisiologicamente este rápido ganho de  peso compromete a região das vértebras e os ossos das pernas das aves, produzindo lesões e/ou fraturas, que promovem o rompimento dos vasos sanguíneos. Logo em seguida estas regiões são colonizadas por bactérias, iniciando inflamações. Desta forma, esses animais têm dificuldades para ficar em pé e andar, pois sentem muita dor. Alguns morrem de desidratação e desnutrição porque não conseguem chegar até bebedouros ou comedouros. Seus órgãos também ficam exaustos, porque a seleção genética fez apenas um desenvolvimento rápido dos músculos e os demais órgãos não aumentaram de forma proporcional. Dessa forma, os frangos estão sempre cansados e apáticos, não sendo capazes de manifestarem comportamentos naturais. Os distúrbios metabólicos também são observados, causando sobrecarga fisiológica e metabólica nos órgãos internos, levando as aves à morte.

Segundo Canever et al., (1997) e Figueiredo, (2013), o índice de mortalidade aceitável em um galpão de frangos de corte é de até 3%. Números acima deste valor indicam que há um grave problema no lote de aves. Entretanto, quando o bem-estar das aves é priorizado, este índice poderá reduzir, pois o envolvimento no processo está diretamente relacionado à vida individual de cada ave. Desta forma, quando em situações ideais de ambiente, bem-estar, nutrição e criação, a mortalidade é consideravelmente amenizada. 

A ambiência é um fator que está diretamente relacionado com o bem-estar e desempenho dos frangos de corte. Ela envolve itens como a temperatura do galpão, temperatura da água de bebida, ventilação, umidade relativa, qualidade do ar e da cama. Muitos itens são dependentes da ambiência como a idade, sexo, linhagem e fase de vida da ave e, dessa maneira, atenderão de maneira mais eficiente às necessidades das aves. Todos esses fatores podem significar diminuição do grau de bem-estar das aves e consequente menor produtividade. Uma boa cama, por exemplo, deve ter capacidade de absorção de umidade, ser isolante térmico, proporcionar uma superfície macia para as aves e ser seca e solta, ter partículas de tamanho médio e proporcionar melhor conforto às aves. Uma cama que não atenda a esses requisitos pode influenciar de maneira negativa sobre o bem-estar das aves, tais como ulcerações no coxim plantar e calos de peito, dermatites, problemas respiratórios em função da alta absorção de amônia, contaminações por agentes infecciosos entre outros.

  • Liberdade nutricional: o animal deve estar livre de fome e sede, ou seja, ter acesso a água e alimento adequados para manter sua saúde e vigor.
  • Liberdade Ambiental: o animal deve estar livre de desconforto, ser mantido em um ambiente adequado, com condições de abrigo e descanso adequados.
  • Liberdade Sanitária: o animal deve estar livre de dor, doença e injúria e os responsáveis pela criação devem garantir prevenção, rápido diagnóstico e tratamento adequado aos animais.
  • Liberdade comportamental: ter possibilidade para expressar os comportamentos naturais da espécie, o que exige espaço suficiente, instalações adequadas e a companhia da sua própria espécie.
  • Liberdade Psicológica: o animal deve estar livre de medo e de estresse, não devem ser submetidos a condições que os levem ao sofrimento mental, como estresse, medo, angústia.

Uma definição mais atual, descrita como “Os cinco domínios” descreve que o bem-estar animal influencia diretamente, de maneira positiva ou negativa, sobre o estado mental dos animais. Isso significa que os estados mentais e as emoções se tornam, a partir de então, uma parte fundamental da avaliação do bem-estar animal.

As definições de bem-estar animal se aplicam a qualquer espécie e em diferentes sistemas de produção. Entretanto, alguns sistemas são considerados mais restritivos que outros. Aves mantidas em gaiolas, por exemplo, tem uma restrição acentuada quando falamos no atendimento de suas necessidades mais básicas. O estresse e a falha em lidar com o ambiente estão relacionados a fatores comportamentais, fisiológicos e fisiopatológicos, que por exemplo podem aumentar a mortalidade, susceptibilidade a doenças e falha no crescimento dos animais. Estes fatores demonstram a complexidade do entendimento sobre o indivíduo e seu bem-estar, onde dependem de diversos fatores inerentes ao manejo e à ave.

As doenças mais comuns são a Coriza Infecciosa, Bouba aviária, Salmonelose, Coccidiose, Bronquite Infecciosa e Laringotraqueíte Infecciosa. Por este motivo, a vacinação precisa estar em dia para evitar que doenças como Gumboro, Newcastle possam acometer o plantel. Existem também as doenças decorrentes de problemas metabólicos e o rápido crescimento como os problemas de pernas, espondilolistese, discondroplasia tibial, degeneração femoral, morte súbita, ascite, entre outras. Com relação à Influenza Aviária, também conhecida como Gripe Aviária, esta é considerada de alto risco para aves, especialmente quando causada por subtipos de vírus altamente patogênicos. Nestes casos, caracteriza-se como uma doença de notificação obrigatória aos órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal, acarretando em barreira sanitária para a comercialização de produtos avícolas no mercado interno e externo e em enorme não somente prejuízo econômico para a avicultura no geral, mas sofrimento às aves. 

O descarte consiste em matar as aves, na granja, por meio de um método humanitário, antes destas finalizarem o seu ciclo produtivo. O motivo que leva o produtor a praticar o descarte está relacionado a diversos fatores, como doenças de origem metabólica, infecciosa, aves refugos (com dificuldade de caminhar, baixo desenvolvimento corporal, má formação ou algum problema que faça com que a ave esteja em sofrimento). A causa do descarte deve ser anotada e investigada pelos produtores e responsáveis técnicos. A carcaça das aves mortas deve ser direcionada a áreas específicas, de acordo com o motivo do descarte (incineração ou composteira), para evitar contaminações que podem colocar em risco a sanidade das outras aves e de seres humanos.

As fases do manejo pré-abate e abate são:

  • Jejum das aves: não deve ultrapassar 12 horas.
  • Apanha: dentro do galpão, as aves precisam ser colocadas dentro das caixas de transporte por pessoal treinado, a fim de evitar lesões e fraturas.
  • Transporte: após colocadas nas caixas, que devem estar limpas e em boas condições, as aves são levadas até o caminhão e transportadas ao frigorífico. Preferencialmente, estes procedimentos devem ser realizados nas horas mais frescas do dia.
  • Insensibilização: chegando ao frigorífico, as aves devem ser encaminhadas mais rapidamente ao processo de abate. As aves são invertidas e passam por uma cuba com água de para serem insensibilizadas, sendo este o método majoritariamente utilizado na insensibilização das aves, no Brasil.

A insensibilização de aves é um processo que visa fazer com que a ave não sinta dor em nenhum dos procedimentos a seguir, como a sangria, a depenagem e a evisceração. A insensibilização pode ser feita pela utilização do sistema de gás ou Insensibilização por Atmosfera Controlada (Controlled Atmosphere Stunning - CAS) ou da eletronarcose (inversão da ave e imersão da cabeça da ave em uma cuba com água com corrente elétrica). A insensibilização é um importante procedimento por questões éticas e de bem-estar animal, além de uma forma de redução de perdas e ajuda a garantir a qualidade da carne.

De maneira geral, a certificação em bem-estar animal tem muito a agregar às empresas e aos animais, além de ser um diferencial de mercado.

 

Não. Seguindo o conceito da resistência cruzada, o uso de antibióticos na produção animal poderia causar resistência microbiana nesses animais e, ainda assim, as bactérias poderiam ser transmitidas aos seres humanos por meio do consumo de produtos de origem animal como a carne de animais tratados com antibióticos. Esse risco também se aplica aos antibióticos utilizados em dosagens subterapêuticas, os conhecidos promotores de crescimento ou de absorção. Muito se discute sobre o futuro do uso de antibióticos promotores de crescimento e dessa maneira, seu uso foi banido em alguns países, como os pertencentes à União Europeia, bem como gradualmente nos Estados Unidos. Recentemente a indústria de diversos países, dentre eles o Brasil, busca alternativas para substituir os antibióticos, buscando por produtos mais naturais e que atendam aos requisitos exigidos pelos consumidores. 

Os antibióticos muitas vezes são usados ​​para tratar ou prevenir doenças em aves, sendo que seu uso tem algumas limitações. Os regulamentos garantem que os antibióticos que possam penetrar na carne não sejam utilizados ou usados apenas numa fase inicial da vida da ave, para que haja tempo suficiente da natural degradação do resíduo. Portanto é recomendado que na fase final de criação das aves, quando administrado algum antibiótico com fins terapêuticos, estes devem ser retirados com antecedência. Diante destas restrições, novos aditivos funcionais e enzimáticos estão sendo comercializados no Brasil. Além disso, pesquisadores entendem que aditivos não químicos serão a solução para manter a produção na cadeia produtiva de frangos, reduzindo a geração e disseminação de bactérias multirresistentes. Assim, estas novas estratégias para melhorar o aproveitamento dos nutrientes como probióticos, prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, extratos herbais, óleos essenciais, entre outros, visam substituir os tradicionais antibióticos, por serem produtos naturais, atóxicos e que não induzem resistência bacteriana. 

A certificação de bem-estar animal é um processo que envolve a adaptação da produção às normas que estabelecem condições favoráveis de vida dos animais, ou seja, orienta e aplica as melhores práticas para o bem-estar dos frangos. Ela resulta no fornecimento de um selo que poderá ser utilizado nas embalagens dos produtos certificados. A certificação de bem-estar animal é o caminho para empresas e produtores que querem estar alinhados com a tendência de cuidado com os animais. Ela é também a garantia para consumidores que querem comprar apenas marcas que utilizam as melhores práticas em relação ao bem-estar dos animais.

Um compromisso de bem-estar animal significa que determinada empresa adota medidas para melhorar o bem-estar dos animais de produção na sua cadeia produtiva ou de abastecimento. Diversas empresas internacionais e nacionais vêm se preocupando com o bem-estar dos frangos e, consequentemente, fazendo compromissos que possibilitem práticas sustentáveis e que atendam ao bem-estar de animais de produção. De acordo com o BCC, este movimento está aumentando e já conta com mais de 580 empresas do setor alimentício situadas na América do Norte, Europa e outras partes espalhadas pelo mundo.

Quando uma empresa adere a um compromisso com o bem-estar animal, significa que esta se compromete em atender a uma série de critérios que abordam diversas questões ligadas ao  bem-estar dos frangos. Embora muitas empresas apresentem seus compromissos individuais, o Brasil também pode começar a adotar boas práticas que são reconhecidas internacionalmente. Ao assumir um compromisso de bem-estar animal, a empresa precisa demonstrar total conformidade com os critérios pré-definidos por meio de auditoria de terceiros. Igualmente devem ser fornecidos relatórios públicos no que se refere ao progresso do compromisso. Com relação ao bem-estar dos frangos, já observa-se centenas de compromissos baseados no Better Chicken Commitment (BCC). O Brasil também construiu sua própria versão do BCC, por meio da coalizão formada por diversos profissionais da área. 

A Iniciativa MIRA Frangos está aberta ao diálogo em relação ao bem-estar dos frangos de corte por meio do fornecimento de informações técnicas, adoção de boas práticas e divulgação de compromissos públicos. Entre em contato pelo e-mail contato@mira.org para que possamos ajudá-los! Temos ainda nossas redes sociais com excelentes materiais gratuitos: 

Instagram  - @mirafrangos

Linkedin - Iniciativa MIRA

Site -  mira.org.br/mirafrangos/

A implementação de boas práticas de bem-estar animal envolve quatro elementos:

  • Educação, para criar consciência sobre bem-estar das aves e um entendimento de sua importância para o sucesso da produção animal;
  • Compromisso de conseguir a participação ativa das pessoas que trabalham com aves que priorizem o bem-estar, cuidando de forma consciente destes animais;
  • Treinamento em procedimentos específicos como no manejo da criação, nutrição, ambiência e cuidados durante o pré abate e abate de aves, entre outros procedimentos;
  • Comunicação entre as diferentes organizações com o mesmo objetivo, a fim de disseminar informação e conhecimento, direcionados ao bem-estar animal. A capacitação deve apresentar conhecimentos e recursos no sentido de facilitar a habilidade na resolução de problemas, proporcionando aos participantes a capacidade de cumprir as normas, ao invés de tentar impor padrões que não podem ser atingidos imediatamente. A formação deve ser realizada para que todos entendam a importância do bem-estar animal.

Você pode utilizar gratuitamente esta ferramenta acessando o link https://mira.org.br/calculadora/

Siga os seguintes passos para calcular seus possíveis gastos em uma transição de sistemas:

1º Passo: Escolha qual o tipo de manejo que pretende implementar.

2º Passo: Preencha os dados e inclua os equipamentos que deseja implementar em seu sistema de produção.

3º Passo: Pronto! Você receberá um e-mail com o valor aproximado da transição de sistemas com todas as especificações. Essa informação fornecerá  uma base para o projeto de implementação de um novo sistema. O acesso a nossa calculadora é gratuíto!

A Iniciativa MIRA Frangos é um projeto sem fins lucrativos que tem como missão buscar o bem-estar de frangos de corte. Neste sentido, auxiliamos na disseminação de conteúdo informativo construído por nossa equipe técnica formada por médicas veterinárias e zootecnistas. Além disso, buscamos firmar compromissos diretamente com empresas integradoras, produtores e empresas alimentícias que têm ligação com a cadeia de carne de frangos. Entre em contato conosco pelo e-mail contato@mira.org para maiores informações.  

A Iniciativa Mira Frangos, sempre preocupada com a cadeia produtiva de frangos de corte e observando a necessidade de um olhar mais pontual para todo o processo de produção, disponibiliza em seu site (https://mira.org.br/questionario/) uma pesquisa direcionada para os envolvidos de alguma forma com o setor de frangos de corte. Por meio dos dados coletados, buscamos entender os pontos críticos da produção de frangos que nos ajudará a direcionar nossos esforços dentro da cadeia produtiva de frangos. Nos ajude respondendo a nossa pesquisa!

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