O bem-estar desempenha um papel importante em qualquer operação dentro da produção avícola. Critérios baseados em ciência, por meio de estudos de enriquecimento ambiental, taxa de crescimento, comportamentos entre outros, podem criar maneiras objetivas para que os produtores possam medir o grau de bem-estar na cadeia avícola.
Recentemente um estudo foi realizado por uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola, Alimentação e Meio Ambiente (INRAE) e o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), ambos localizados na França. Neste estudo, sugeriram que a vermelhidão facial de uma galinha muda com base em seu estado afetivo, fornecendo uma maneira potencial de avaliar seu bem-estar e relacionamento com humanos.
Os autores introduziram a ideia de usar a vermelhidão como um marcador de bem-estar, e acreditam que entender a intensidade da vermelhidão pode mostrar o quão sensíveis as galinhas são a diferentes situações e que, analisar essas variações pode ajudar a compreender suas percepções. Porém acredita-se que mais pesquisas neste sentido precisam ser realizadas. A hipótese levantada foi que as expressões faciais são uma forma importante de comunicação entre humanos, cães, suínos e outros mamíferos. Galinhas parecem ter expressões faciais também, mas até agora, ninguém sabia se as aves usavam essa forma para expressar emoções.
Baseado nisso, filmagens de 18 galinhas poedeiras da raça Sussex, foram realizadas. Utilizou-se um programa computacional para avaliar as mais de 18.000 imagens capturadas. Durante o processo de captura das imagens, as aves apresentaram comportamentos naturais e recebiam ração durante um período de três semanas. A análise das fotos baseou-se em medir a quantidade de rubor, ou seja, a vermelhidão que era exibida na face das galinhas. De acordo com os resultados, a posição das penas faciais e a cor dos rostos das galinhas variaram. Por exemplo, penas da cabeça eriçadas pareciam indicar contentamento. Comparativamente, o rubor foi associado a um comportamento excitado ou medroso. Notavelmente, as aves exibiram menos vermelhidão em situações calmas em comparação com situações gratificantes, enquanto pareciam mais vermelhas em situações relacionadas ao medo.
O estudo ainda analisou o relacionamento do ser humano-animal. Dessa forma, 13 galinhas Sussex interagiram com um avaliador por um período de cinco semanas, enquanto outro grupo de aves teve pouco ou nenhum contato com seres humanos. Os rostos do primeiro grupo de galinhas permaneceu mais claro em comparação ao segundo grupo, indicando uma resposta mais positiva à interação humana.
Assim, o monitoramento do bem-estar é um componente crucial. Em parte, isso ocorre porque as aves são animais de presa que evoluíram para esconder a dor instintivamente. O tamanho da amostra deste estudo apresentou-se pequeno, mas se for comprovado em um lote maior, poderá fornecer à indústria avícola uma maneira não invasiva de medir objetivamente o bem-estar animal.
Fonte: Adaptada Watt Poultry, 2024. Disponível em: https://www.wattagnet.com/blogs/poultry-tech-trends/blog/15705391/blushing-hens-could-improve-welfare-monitoring