Controle de infestações de moscas em granjas

Com o crescimento populacional mundial registrado nos últimos anos, a produção avícola tem sido impulsionada visando atender a demanda do consumo de proteínas de alto valor biológico e preços acessíveis. A produção brasileira de ovos para consumo cresceu cerca de 6,7% entre os anos de 2016 e 2017, ocupando o sétimo lugar entre os maiores países produtores de ovos do mundo (BRASIL, 2018). Com a expansão do plantel, práticas de manejos e os cuidados com a higiene das granjas também se evidenciaram. Nas granjas de postura, além dos ovos e das aves de descarte, o esterco deve ser considerado como um dos produtos resultantes da atividade pecuária, demandando investimentos e cuidados contínuos (PAIVA, 1998). Um manejo adequado evita, principalmente, a proliferação indesejada de artrópodes como moscas, as quais provocam estresse nas aves devido à sua picada, transmitem
diversos microrganismos, além da possibilidade de contaminarem os ovos com bactérias do gênero Salmonella.

Os dípteros das famílias Muscidae, Fanniidae, Calliphoridae e Sarcophagidae, principalmente Musca domestica, Fannia spp. e Chrysomya spp. são os principais artrópodes presentes nas granjas de aves (SILVEIRA, 1989). As moscas citadas se reproduzem
rapidamente e fazem seis a oito posturas de 100 a 120 ovos durante seu período de vida, que pode durar entre 25 dias até vários anos dependendo da espécie. Após a postura, os ovos eclodem em menos de 24 horas e as larvas se desenvolvem em 4 a 6 dias. Depois de
alimentadas, as larvas buscam a parte mais seca do esterco ou do solo, onde se transformam em pupas E após 5 a 6 dias emergem as moscas adultas do pupário. Para nutrição das larvas, no caso da mosca doméstica, é necessário cerca de um grama de esterco para que consigam se reproduzir. Uma vez que no sistema de criação em baterias de gaiolas centenas de aves são mantidas confinadas, aumenta-se o potencial de criação de moscas no plantel de poedeiras (PAIVA, 1998). Isto se dá pela grande concentração de fezes das aves abaixo das gaiolas devido à alta taxa de lotação. Assim, a utilização do sistema “cage free” (livre de gaiolas) pode ser uma alternativa interessante quando se pensa no manejo de artrópodes, uma vez que as fezes ficam mais espalhadas pelo galpão, podendo ser incorporadas ao solo/substrato e as aves têm a possibilidade de evitar áreas que contenham excesso de matéria orgânica.

Há de se considerar, ainda, a existência de granjas de postura próximas ao perímetro urbano que, associada à capacidade de voo de até 30 quilômetros das moscas em busca de ambientes favoráveis a sua alimentação e reprodução, são fatores que contribuem para o
aumento desses artrópodes nas cidades (CAFARCHIA et al., 2009). A localização das granjas é um dos fatores que mais contribuem para a disseminação de moscas no perímetro urbano, uma vez que elas se espalham e colonizam facilmente este nicho ecológico.

No estudo de Oliveira (2017), realizado em granjas de postura comerciais de Minas Gerais, o intervalo de remoção e umidade dos dejetos e o tipo de instalação (galpão do tipo californiano) foram associados à alta presença de dípteros. O sistema de criação “cage free”, além de mais humanitário, pode propiciar melhor controle de moscas, uma vez que a taxa de lotação de aves dentro do galpão tende a ser menor do que as gaiolas em bateria, sendo menor a quantidade de matéria orgânica presente. Se adotado o sistema caipira ou de ovos orgânicos, nos quais as aves têm acesso a piquetes para pastejar, pode-se contar, ainda, com o controle biológico dos dípteros por meio de predadores como besouros.

Por: Aluno de Iniciação Científica : Michele Cristina de Melo Marcelino

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Companhia Nacional de Abastecimento. Histórico mensal do consumo de carne de aves. MAPA, Brasília. 2018. Disponível em: Link. Acesso em: 15 out. 2021.

CAFARCHIA, C. et al. Competence of the housefly, Musca domestica, as a vector of Microsporum canis under experimental conditions. Med. Vet. Entomol., v. 23, n.1, p. 21-25, 2009.
OLIVEIRA, T. M. Caracterização epidemiológica e avaliação de risco associada à presença de ectoparasitos em granjas de postura comercial em Minas Gerais. 2017. 58 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.

PAIVA.P.D. Controle integrado de moscas em avicultura intensiva de postura. Embrapa., p. 1-2, 1998

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