A Teoria Emergética ganhou notoriedade na década de 1970, ao ser amplamente discutida pelo professor da Universidade da Flórida, Howard T. Odum, na obra Environment, Power and Society. Nela apresenta-se uma nova perspectiva sobre sustentabilidade e meio ambiente com base em análises de sistemas de produção, avaliando a utilização da energia dispendida durante as etapas de elaboração de um bem ou serviço. Em outras palavras, o método funciona como um indicador de desempenho, capaz de quantificar os gastos e desperdícios dos recursos naturais à disposição de um processo. Por meio dos resultados, o gestor pode buscar alternativas de gerenciamento que aprimorem a cadeia, minimizando os impactos ambientais e potencializando o lucro do produtor (ORTEGA, 2009).
Apesar de existirem inúmeros indicadores de desempenho, com o passar do tempo, o método de avaliação emergética ganhou aderência de pesquisadores, cientistas ambientais, entre outros, por converter fatores econômicos e sustentáveis em uma mesma medida, facilitando o cálculo e a compreensão. Sua contabilidade tem como base a ecologia e a termodinâmica, e os resultados possibilitam a mensuração do valor energético despendido para a obtenção do produto final (JALILI et al, 2020; ODUM, 1996; WANG et al., 2021).
Tais conceitos podem ser aplicados em sistemas de quaisquer escalas: desde micros até macros ambientes (ORTEGA, 2009). Nesse sentido, a ferramenta tem se mostrado extremamente útil, pois permite a comparação em termos de sustentabilidade de diversos processos de produção.
Alguns exemplos de aplicações bem sucedidas da metodologia emergética, encontram-se em estudos de ecossistemas voltados ao agronegócio, como os realizados na Itália (CASTELLINI et al.,2006), onde os autores compararam sistemas de criação orgânica e convencional de aves. Os resultados apontaram a granja orgânica como a mais eficiente em termos de transformação dos insumos, mostrando-se, portanto, mais sustentável. Em outro trabalho realizado na China, sistemas de criação de aves no campo baseado em pomares, e orgânico familiar foram confrontados (Hu et al., 2012). Nessa abordagem, o sistema de criação de campo baseado em pomares, mostrou-se mais eficiente quanto à transformidade de recursos.
Entretanto, para avaliar a eficiência de um sistema de criação, os índices emergéticos podem ser associados a outros indicadores, como por exemplo, o bem-estar dos animais e a segurança do alimento, fornecendo ainda mais bases científicas para o aperfeiçoamento e a sustentabilidade dos sistemas de criação.
Por: Aluno de Iniciação Científica : Jéssica Pereira
REFERÊNCIAS
CASTELLINI, C.; BASTIANONI, S.; GRANAI, C.; BOSCO, A. D.; BRUNETTI, M. Sustainability of poultry production using the emergy approach: Comparison of conventional and organic rearing systems. Agriculture, Ecosystems & Environment , Itália, v. 114, n. 2-4, p. 343-350, jun. 2006. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.agee.2005.11.014>. Acesso em: 28 ago. 2021.
JALILI, M.; CHITSAZB, A.; HASHEMIAN, M.; ROSENC, M. A. Economic and environmental assessment using emergy of a geothermal power plant: Energy Conversion and Management, Canadá, v. 228, n. 113666, jan. 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.enconman.2020.113666>. Acesso em: 28 ago. 2021.
ODUM, H. T. Environmental Accounting: Emergy and Environmental Decision Making. New York: Wiley, 1996.
ORTEGA, E. A análise Ecossistêmica e Energética de Projetos Agrícolas e o Desenvolvimento Sustentável. FEA – Unicamp, Campinas, SP, 2009. Disponível em: <https://www.unicamp.br/fea/ortega/htodum/HT.htm>. Acesso em: 28 ago. 2021.
WANG, W.; HE, Y.; WU, Y.; PAN, D. Impact of waste slag reuse on the sustainability of the secondary lead industry evaluated from an emergy perspective. Resources, Conservation and Recycling, China, v. 167, n. 105386 abr. 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2020.105386>. Acesso em: 28 ago. 2021.HU, Q. H.; ZHANG, L. X.; WANG, C. B. Emergy-Based Analysis of Two Chicken Farming Systems: A Perception of Organic Production Model In China. Procedia Environmental Sciences, China, v. 13, p. 445-454, mar. 2012. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.proenv.2012.01.038>. Acesso em: 28 ago. 2021.