Como as galinhas poedeiras são mantidas em todo o mundo

A avicultura é um setor em constante transformação, sendo possível observar, em especial, evoluções no setor de postura, principalmente após questões relacionadas ao bem-estar das galinhas passarem a ser relevantes aos consumidores. A Diretiva da União Europeia 1999/74/EC, a qual destaca a abolição do uso de gaiolas, indica ter iniciado um movimento que atualmente é observado em diversos países.

As gaiolas convencionais foram proibidas na União Europeia (UE) desde janeiro de 2012 e a partir desta data, são feitas publicações mensais do Painel da Situação do Mercado de Ovos, documento pelo qual é possível acompanhar as mudanças que ocorreram nos sistemas de criação de galinhas poedeiras. Dentre os países-membros da UE, pode-se observar diferentes formas de evolução do setor de postura.

No Reino Unido, até 2005, 63,0% dos ovos eram provenientes de aves mantidas em gaiolas. Até 2020, o uso de gaiolas, mesmo que enriquecidas, havia diminuído para 40,4% e os sistemas de aves criadas com acesso ao ar livre cresceram de 30,0% para 57,0% no mesmo período. Até 2021, 2,5% das galinhas eram mantidas em aviários, 53,6% em sistemas com acesso ao ar livre e 3,5% em sistemas orgânicos.

A Alemanha optou pela manutenção das aves em galpões fechados, mas livres de gaiola, sistema que até 2005 representava 14,0% da produção e aumentou para 60,8% em 2020.

A França e Espanha estão entre os principais produtores de ovos da União Europeia, sendo responsáveis por 12,8% e 12,5% da produção de ovos, respectivamente. Esses países haviam optado pelo uso de gaiolas enriquecidas e alojavam de 70% a 94% das galinhas poedeiras, respectivamente, mas passaram a adotar sistemas alternativos. Na França, a produção livre de gaiolas aumentou de 36,7% em 2017 para 64,0% em 2021. Os ovos de galinhas com acesso ao ar livre dominaram o mercado livre de gaiolas e representam 45% da produção nacional total de ovos em 2021, embora os volumes de ovos de aves mantidas em aviários (19% da produção total em 2021) estejam aumentando rapidamente. A Espanha ainda apresenta um alto número de aves mantidas em gaiolas, com aumento de 0,8%. Esse fato pode ter ocorrido por mudanças causadas pela pandemia de COVID-19, aumento de custos de produção e falta de planejamento. Felizmente, na contramão do sistema de gaiolas, os espanhóis aumentaram o consumo de ovos de galinhas livres de gaiolas, com inclusão no mercado que representa 46,4%. Pesquisas também apontaram que 70,0% dos consumidores espanhóis preferem comprar ovos sem gaiola e cerca de 54,0% estão dispostos a pagar entre 10,0% e 30,0% a mais para ovos de sistemas de maior grau de bem-estar às galinhas poedeiras. Estes dados indicam a necessidade de maior apoio aos produtores espanhóis, para que possam investir na transição de sistemas sem gaiola com maior segurança. Entre 2019 e 2020, sem considerar aves mantidas em gaiolas convencionais, a França mantinha 54,1% de suas aves em gaiolas enriquecidas, 11,7% em aviários, 23,0% em sistemas com acesso ao ar livre e 11,2% em sistema orgânico. A Espanha mantinha 73,3% de suas aves em gaiolas enriquecidas, 16,1% em aviários, 9,1% em sistemas com acesso ao ar livre e 1,6% em sistema orgânico.

No final de 2020, dados indicavam como estava a distribuição das aves dentre os sistemas que, sendo 44,9% de galinhas alojadas em gaiolas enriquecidas, 35,6% de aves mantidas em aviários, 12,8% mantidas em sistemas com acesso ao ar livre e 6,6% em sistema orgânico. Esses dados sinalizam uma diminuição de sistemas que não estão mais utilizando as gaiolas, mesmo as consideradas enriquecidas.

Considerando a Europa como um todo, incluindo países como Rússia, Reino Unido e Ucrânia, em 2020, 64,7% de uma estimativa de 623 milhões de galinhas estavam sendo mantidas em gaiolas, 20,7% mantidas em aviários e 14,6% tinham acesso ao ar livre.

No continente africano, estima-se que 60,7% de 200 milhões de galinhas sejam alojadas em gaiolas. O alto número de aves mantidas em sistemas alternativos relaciona-se com questões econômicas, pois a produção é feita, na sua grande maioria, por pequenos produtores, os quais não possuem capital para investir em sistemas com gaiolas.

Dados da Comissão Internacional de Ovos indicam que 58,0% das 45 milhões de galinhas mantidas na Nigéria, o maior produtor de ovos do continente africano, são criadas em sistemas de piso sem gaiolas. A África abriga a maior porcentagem de galinhas poedeiras em sistemas internos sem gaiolas (36,2%), à frente da Europa (20,7%) e da América do Norte (18,0%).

Com relação à situação norte-americana, observa-se uma rápida evolução, especialmente alavancada por engajamento em compromissos, obrigatórios e voluntários, em relação a uma produção de ovos livres de gaiolas até 2025. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos revelam que, em março deste ano, 111 milhões de galinhas, equivalente a 34,1% do plantel de aves do país, estavam livres de gaiolas, predominantemente mantidas em galpões fechados. Entretanto, o Canadá apresenta modestas mudanças, havendo um compromisso firmado pelo Conselho de Varejistas do Canadá de que, baseada na ciência, reconhece o valor dos sistemas de gaiolas enriquecidas.

Na América Latina e Ásia-Oceania, onde encontram-se sete dos dez maiores países produtores de ovos do mundo, respondendo por 73,9% da produção global em 2020, o uso de sistemas com gaiolas ainda é predominante, correspondendo por 91,5% da produção na América Latina e 89,2% na Ásia. Esses continentes também têm a menor porcentagem de galinhas mantidas em sistemas com acesso ao ar livre ou orgânicos, sendo 0,9% na América Latina e 1,4% na Ásia-Oceania.

Globalmente, estima-se que 84,2% das galinhas poedeiras ainda estejam sendo mantidas em sistemas que utilizam as gaiolas, 12,4% mantidas em galpões livres de gaiolas e 3,4% em sistemas com acesso ao ar livre.

Fontes:

WATTPoultry International, por Vincent Guyonnet

Eggs – Market Situation – Dashboard EU (10/08/2022)

Compassion in World Farming – Egg Tractor 2021 Report

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