Cerca de 95% de toda a produção de ovos no Brasil resultam de sistemas convencionais de criação (SILVA, 2019). Nesse sistema, um grande número de aves é alojado em gaiolas, trazendo a facilidade do manejo de alimentação, recolhimento de ovos e controle sanitário, além de proporcionar alta produtividade. Porém, a restrição do espaço e a ausência de um ambiente enriquecido que possibilite as aves expressarem comportamentos naturais como nidificação, ciscar, empoleirar e banho de poeira, vêm sendo amplamente criticado por alguns mercados consumidores, em especial o mercado europeu.
Sistemas alternativos têm surgido (ou resgatados), com o objetivo de atender essa “nova” demanda do mercado consumidor. Gaiolas enriquecidas, ou mesmo sistema livres de gaiola (cage free), têm sido experimentadas em pequenas e médias escalas de produção, para atenderem, por enquanto, nichos de mercado.
A mudança de um paradigma de produção para outro não é simples. Envolve investimentos elevados, treinamento e ampliação do quadro de funcionários, adequação logística, adoção de novas práticas sanitárias, entre outras, e de modo algum pode ser considerado uma tarefa fácil para qualquer produtor. Pesa ainda sobre nossa cadeia produtiva de ovos, os excelentes indicadores de desempenho alcançados após décadas de acúmulo de conhecimentos práticos e científicos acerca da produção intensiva em gaiolas, e de uma cultura empresarial em muitos casos familiar.
Portanto, esse processo de transformação do sistema convencional para um sistema cage free deve ser lento, mas gradativo. Novos conhecimentos sobre os benefícios alcançados na saúde e o bem-estar das aves e, consequentemente, o aumento da produção e qualidade dos ovos, são necessários para demonstrar aos produtores e convence-los de que há possibilidade de se produzir tanto, ou mais, proporcionando e garantindo o bem-estar dos animais.
Por: Aluna de Iniciação Científica Jéssica Pereira Fernandes
REFERENCIAS
SILVA, I. J. O. Diálogos União Europeia – Brasil: Sistema de produção de Galinhas Poedeiras no Brasil. Disponível em: Link .
