O ambiente do incubatório é repleto de fontes de infecção, desde o próprio ar, piso e equipamentos até a água, dejetos e resíduos líquidos e sólidos. A quantidade de microrganismos ainda depende das práticas de limpeza e higiene, fluxo de entradas e saídas e destino dos resíduos de incubação.
Devido aos riscos de contaminação, uma forma de reduzir a proliferação de microrganismos é a realização de limpeza e desinfecção profilática durante o processamento dos ovos, além de cuidados no processo de lavagem e sanitização, que são necessários para garantir a qualidade do ovo pós-postura.
Sendo assim, um estudo foi realizado pelo cientista Ted Brown, responsável pelo setor de serviços científicos da Cargill, localizada nos Estados Unidos, no qual descobriu que o peróxido é considerado o sanitizante de lavagem de ovos mais eficaz na remoção de Salmonella da superfície das cascas, mantendo a cutícula que envolve o ovo intacta. O objetivo do estudo de Brown foi avaliar vários tipos de sanitizantes de lavagem de ovos, incluindo o timol, ácido peracético, o bromo, o peróxido e a amônia quaternária. No geral, todos os produtos utilizados reduziram os níveis de Salmonella na superfície dos ovos incubados, sem porém danificar as cutículas dos ovos, mas o resultado mais expressivo, especificamente, foi o peróxido, que atuou como um sanitizante mais eficaz, reduzindo a prevalência de Salmonella da superfície dos ovos em mais de 73%. O produto de timol foi menos eficaz e reduziu a prevalência de Salmonella em menos de 5%.
Não danificar a cutícula é um resultado muito expressivo, pois esta estrutura, ao ser danificada, durante o processo de lavagem, pode permitir que a Salmonella penetre para dentro do ovo se estiver presente na superfície da casca. Segundo Brown, a Salmonela é frequentemente encontrada em ovos incubados, mesmo depois de passarem pelo processo de higienização.
De acordo com Brown, o projeto foi conduzido para atualizar os produtores sobre os novos produtos que têm efeito positivo sobre as lavagens de ovos e orientar a indústria sobre quais as melhores práticas para mitigar a contaminação por Salmonella, durante o processo de lavagem dentro dos incubatórios. Segundo Brown, atualmente, o cloro é o sanitizante primário mais utilizado na planta de processamento. No entanto, ele se dissocia rapidamente na presença de cargas orgânicas, podendo ser corrosivo para o equipamento e ainda requer gerenciamento rigoroso para que seu uso seja eficaz. No futuro, Brown disse que espera conduzir um estudo adicional para garantir que a taxa de eclosão não seja afetada negativamente pelos sanitizantes utilizados.
Em parceria com Brown, Don Waldrip, médico veterinário responsável pelos serviços técnicos da Zoetis, situada no Estados Unidos, oferece cinco dicas para evitar a propagação de Salmonella no incubatório, sendo elas:
- Prestar atenção à desinfecção e limpeza em todas as etapas do incubatório;
- Manter os ovos limpos e longe do chão, e se caso cair no chão, devem ser descartados;
- Unidades de ventilação e tratamento de ar precisam ser limpas regularmente. Essas unidades podem puxar ar contaminado com Salmonella e prejudicar o processamento dos ovos;
- Tomar medidas adicionais para prevenção de infecções bacterianas;
- Encontrar maneiras de confiar mais na automação para realizar determinadas tarefas no incubatório, porque as pessoas podem ser portadoras de Salmonella.
Desta forma, todo o manejo e a biosseguridade realizada dentro dos incubatórios devem ser eficientes com a garantia de produção de um ovo fértil e higienizado, estendendo-se para produção de pintainhas saudáveis e de qualidade.Fonte: Adaptada Watt Poultry, 2024, Disponível em: https://www.wattagnet.com/egg/article/15664348/peroxide-found-most-effective-in-hatching-egg-sanitation
