Atividade humana pode aumentar o risco de propagação da Influenza Aviária na Europa

A propagação da influenza Aviária (IA) é um assunto pertinente, pois esta doença traz diversos prejuízos aos animais e seres humanos. Mediante tal importância, o professor Thomas Mettenleiter, chefe do Friedrich Loeffler Institute for Animal Research, localizado na Alemanha, coordenou um projeto chamado DELTA-FLU. O projeto se propôs a determinar os principais fatores virais relacionados ao hospedeiro e ao ambiente que determinam a dinâmica da infecção da IA. A iniciativa, encerrada no final do ano passado, reuniu especialistas da Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos e Hong Kong.

Anteriormente, as aves migratórias da Ásia contaminavam as aves domésticas em um padrão sazonal, com períodos de baixo risco no verão. A infecção agora mudou de surtos raros e esporádicos para uma situação de risco contínuo, levando constantemente ao abate de um elevado número de aves comerciais ou de vida livre. Entretanto, o estudo do professor Thomas mostrou que frequentemente é a atividade humana e não a infecção direta de aves selvagens que causa novas incursões do vírus. Isso significa que as pessoas transportam o vírus para as instalações por meio de seus sapatos, roupas, máquinas e ração animal contaminadas.

Sendo assim, um maior cuidado deve ser tomado no manejo das aves, bem como  medidas de biossegurança devem ser intensificadas. Como resultado do estudo, a equipe de pesquisa elaborou diretrizes para padrões de higiene mais elevados para os colaboradores que trabalham com lotes de aves confinadas. A esperança é que as diretrizes sejam adotadas em toda a Europa.

O projeto DELTA-FLU também desvendou a composição das cepas da IA predominantes no continente europeu e utilizando técnicas de sequenciamento do genoma, os pesquisadores descobriram que existem mais de 15 variantes do vírus da IA circulando na Europa.

A partir disso, os pesquisadores demonstraram que as variantes estão misturando seu material genético para criar novas sub variantes. O mais preocupante é que, desde 2016, alguns desses vírus mutantes se espalharam para outros animais, incluindo raposas, visons e focas. Globalmente, já houve pelo menos 200 casos registrados em mamíferos.

Os pesquisadores informaram que uma pandemia de IA é improvável, a menos que o vírus se estabeleça primeiro em um mamífero intermediário, provavelmente os suínos os quais possuem células com características que tornam possível que vírus de aves seja direcionado a seres humanos, se instalem e se repliquem. O professor Thomas sinaliza sua preocupação de que um dia o suíno aja como um recipiente da mistura desses vírus, podendo resultar em um novo rearranjo e gerando um vírus híbrido.

O trabalho na geração de mais vacinas contra a IA está ocorrendo junto com conversas dos governos da Europa sobre os méritos da vacinação para combater essa doença. O professor Thomas ainda acredita que a vigilância é extremamente importante no contexto em que os animais vacinados podem tornar-se barreiras comerciais nos mercados de exportação.

Referências:

  • Adaptado de Tony Macdougal. Site Poultry World. Disponível em: https://www.poultryworld.net/health-nutrition/health/human-activity-highlighted-in-the-spread-of-bird-flu-across-europe/
  • European Commission. Dynamics of avian influenza in a changing world. Disponível em: https://cordis.europa.eu/project/id/727922

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